Homepages, Facebook, Twitter, canais no You Tube, transmissão de dados sem fio, tudo muito rápido, em um piscar de olhos. Essa é a internet nos dias de hoje. Mas, nem sempre foi assim.
Há exatos duas décadas, no primeiro semestre de 1992, no campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) e, posteriormente, na Universidade Estadual do Ceará (Uece), a magia da rede surgia. Foram os primeiros testes que mudaram definitivamente os rumos da comunicação no Ceará.
Se, hoje, ela parece, para alguns, algo essencial, tal como o ar que se respira, no início era usada menos para o lazer e mais para a troca de informações entre pesquisadores, repasse de dados sobre o clima, o tempo, fotos ou apenas e-mails.
Tudo restrito e bem lento, comparado com hoje. Uma imagem levava até três horas para chegar ao destino final. "A gente estava bem atrasado. Outros Estados já tinham rede de internet. Corremos atrás, na época, e conseguimos avançar. O Ceará, anos depois, virou referência. Instalamos rede no Maranhão e Piauí", afirma o doutor em Engenharia Elétrica, Mauro Cavalcante Pequeno, atual coordenador do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFC.
Mauro Pequeno foi um dos pioneiros na instalação da internet no Ceará. O especialista lembra como foi o primeiro teste. Após convênio aprovado em 1992 com a Universidade, foram reunidos computadores do Laboratório de Inteligência Artificial (Lia) e a equipe conseguiu o feito inédito de ligar o departamento de física e computação.
"Só três maquinários foram conectados. Depois, outros dez. Daí, ligamos a Uece e a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme). A internet ajudou no desenvolvimento do Estado e a tendência é avançar mais".
A rede só se popularizou nas residências com os provedores discados, por volta de 1995. Apenas em 2000, começou a se expandir a internet sem fio, vinculada às telefonias móveis. Hoje, o Ceará convive com a rede 3G e sonha com a chegada da 4G.
Surpreso, o estudante Paulo Ricardo Linhares, 26, nem se dava conta de como todo esse avanço foi rápido. "Olha que 20 anos nem é tanto tempo assim. Eu ainda me lembro de como era difícil usar internet em casa, tinha aquele barulhinho da rede discando que me dá saudade", conta o universitário.
Cibernéticos
A cidade, hoje, convive com a internet como se ela tivesse sido eterna. Faz parte do cotidiano. Vivemos em uma cultura cibernética, grande parte da população, em menor ou maior proporção, participa da rede de computadores, afirma o secretário executivo do Comitê Fortaleza Digital e Criativa, Uirá Porã.
"Hoje, perto de completar 20 anos, o acesso à internet já é uma das grandes preocupações de gestores públicos e representantes dos movimentos sociais. Isso nos dá uma dimensão do impacto na vida das pessoas", afirma.
O secretário cita as redes sociais como as mídias que têm, cada vez mais, disputado espaço com os tradicionais meios de comunicação no que se refere às pautas de discussões. "Enquanto antes as pessoas discutiam um menor número de assuntos, geralmente, pautados pela televisão, jornais e rádio, hoje os assuntos podem ser mais diversos. Mais nichos são contemplados, mais opiniões podem ser ouvidas e mais assuntos surgem no boca-a-boca".
Conforme Uirá Porã, já está sendo testada, em seis praças da cidade, uma ação do Programa Fortaleza Digital, que levará internet sem fio gratuita, para a população em espaços e equipamentos públicos. Os primeiros logradouros são: Praça do Ferreira, Passeio Público, Praça da Estação, Praça Coração de Jesus, Parque das Crianças e Praça José de Alencar. A partir do lançamento oficial dessas primeiras, já está sendo estudada a viabilidade de disponibilizar o acesso Wi-Fi nos Terminais de Integração, praças da juventude e outros equipamentos.
Cinturão Digital
Projeto do Governo do Ceará, o Cinturão Digital é um novo desafio para a universalização da internet no Estado. A gestão, por meio da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), proverá banda larga para as Prefeituras do Interior. A ideia central é que as gestões administrem a internet, utilizando-a no setor administrativo e em projetos sociais no município.
IVNA GIRÃO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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