Ceará contabiliza 239 áreas de risco em 115 Municípios

O Ceará tem 239 áreas de risco em 115 Municípios do Estado. As áreas são praticamente as mesmas em todos os anos. De forma paradoxal, a tragédia, além de anunciada, é repetidamente financiada. Nos últimos dois anos, o Governo do Estado repassou mais de R$ 13 milhões de socorro para os Municípios cearenses atingidos pelas enchentes, especialmente nas cheias de 2009. Outros R$ 80 milhões foram repassados pelo Governo Federal, totalizando R$ 93 milhões. Dinheiro pouco utilizado para realizar intervenções que, realmente, minimizem danos futuros.

É como gastar dinheiro construindo um muro que, periodicamente, será em parte derrubado. E uma das poucas intervenções estruturais para drenagem, o canal granjeiro, no Cariri, ainda falta ser concluída. A Defesa Civil admite a necessidade de mudança - em vez de monitorar obras reparadoras de desastres, priorizar obras de prevenção, como pontes onde há passagens molhadas e serviços de drenagem. Há bairros que não possuem nenhuma via com calçamento, que dirá sistema de escoamento das águas.

Não é preciso trabalhar na Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para dizer que, todos os anos chove no Ceará entre dezembro e março. Oficialmente, a estação das chuvas é definida pela Funceme entre fevereiro e junho. Com as precipitações, as moradias nas beiras dos rios são as primeiras a serem alagadas.

A população fica preocupada, as casas ficam inundadas e as canoas entram em cena levando móveis e pessoas para "terra firme". Escolas servem de abrigos temporários, é preciso comprar colchões, alimentos e outros mantimentos para quem foi "expulso" da própria casa. Chuva forte em casa frágil tanto bate até que inunda. Os pequenos açudes se arrombam, apenas piorando a situação.

O triste fim é o recomeço da tragédia: se a chuva se repete, os problemas fazem o mesmo. Sem obras de minimização dos danos, os prejuízos financeiros se renovam com as chuvas.

As obras de reparação de desastre seguem duas vertentes: reconstrução de casas e recuperação de estradas. Assim, parte dos desabrigados das cheias de 2009 tiveram novas casas construídas em cidades como Palmácia, Várzea Alegre, Sobral, Jaguaruana e Itaiçaba. Como determinação da Secretaria Nacional de Defesa Civil, só recebe casa nova o Município que demolir a da área de risco. E o recurso para a construção só é repassado depois que a obra é realizada. É uma tentativa do Governo Federal de controlar o uso da verba pública.

Novas vítimas
Em Jaguaruana, moradores dos bairros Lagoa e Tabuleiro, áreas mais atingidas sempre que chove muito, tiveram casas construídas em áreas mais altas. Mas é um número maior que o de beneficiados o de vítimas residenciais nesses bairros. Ou seja, pela proximidade com o rio, em casos de estação chuvosa rigorosa ainda haverá vítimas nas mesmas áreas de risco. Na Ilha de Santa Therezinha, em Limoeiro, a inundação com desabrigados é recorrente. Um projeto habitacional com mais de 440 casas está em fase final de construção em Limoeiro e a entrega deve ocorrer no ano que vem. Mas a própria Prefeitura admite a dificuldade de evitar ocupações nas áreas de risco. Moradores são retirados, mas retornam depois.

A Coordenação Estadual de Defesa Civil levantou 239 grandes zonas de risco de enchente, enxurrada, inundação e alagamentos em 115 Municípios cearenses. Algumas zonas comportam vários bairros e, portanto, centenas de famílias. Somente no bairro São Miguel, em Caucaia, pelo menos 502 famílias estão sujeitas a alagamentos. No Município de Canindé, localizado na bacia hidrográfica do Curu, 17 localidades, entre bairros e distritos, foram apontados como áreas de risco. Um dos problemas apontados é a falta de sistema de drenagem.

Coordenadoria Estadual da Defesa Civil
Rua Oto de Alencar, 215 Centro Fortaleza
Fone: (85) 3101.4571
Fax: 3101.4582

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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