O Banco Central divulgou as novas Estatísticas Monetárias e de Crédito, revelando um aumento significativo na taxa média de juros do cartão de crédito rotativo para as famílias. A taxa saltou de 422,4% ao ano em maio para 429,5% ao ano em junho, representando uma alta de 7,1 pontos percentuais. Apesar desse aumento, os juros dessa modalidade caíram 6,3 pontos percentuais ao longo dos últimos 12 meses.
O crédito rotativo é aquele utilizado pelo consumidor quando paga menos que o valor total da fatura do cartão, contraindo um empréstimo que acumula juros sobre o saldo não quitado. Essa modalidade é notoriamente conhecida por ter as taxas mais altas do mercado. Desde janeiro deste ano, a lei limita os juros do rotativo a 100% do valor da dívida, mas essa medida não afeta as taxas pactuadas no momento da concessão do crédito e aplica-se apenas a novos financiamentos, não impactando a apuração estatística de junho.
Após os 30 dias iniciais do crédito rotativo, as instituições financeiras geralmente oferecem a opção de parcelamento da dívida. No caso dos cartões de crédito parcelados, os juros apresentaram uma queda de 5,4 pontos percentuais em junho, alcançando 180,5% ao ano, uma redução significativa de 15,6 pontos percentuais em 12 meses.
Impacto nas finanças das famílias
Para entender melhor o impacto dessas mudanças, o Blog Cariri consultou o economista Ricardo Campos, que explicou: “O aumento na taxa de juros do crédito rotativo reflete a alta percepção de risco por parte das instituições financeiras, agravada pelo cenário econômico atual. Para as famílias, isso significa um maior custo de financiamento, o que pode comprometer ainda mais o orçamento doméstico já pressionado pela inflação e pelo desemprego.”
Campos também destacou a importância de buscar alternativas ao crédito rotativo: “Os consumidores devem evitar ao máximo o uso do crédito rotativo, que é uma das modalidades mais caras disponíveis. Planejar as finanças e optar por linhas de crédito com taxas mais baixas, como o crédito consignado, pode ser uma estratégia mais sustentável.”
Mercado de crédito
Além do aumento no rotativo, houve movimentos variados nas demais modalidades de crédito. As operações de crédito pessoal não consignado caíram 6 pontos percentuais, atingindo 87,8% ao ano, enquanto o cheque especial teve um aumento de 3,1 pontos percentuais, chegando a 135% ao ano.
No total, a taxa média de juros do crédito livre para pessoas físicas ficou em 51,7% ao ano em junho, representando uma leve queda de 0,7 ponto percentual no mês e de 7,4 pontos percentuais em 12 meses. Para as empresas, a taxa média alcançou 20,9% ao ano, com um aumento mensal de 0,3 ponto percentual, mas uma queda de 1,9 ponto percentual em 12 meses.
Contexto econômico
O comportamento das taxas de juros ocorre em um cenário de mudanças na política monetária. A taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida por sete vezes consecutivas pelo Banco Central desde agosto do ano passado, buscando controlar a inflação. No entanto, devido à alta recente do dólar e ao aumento das incertezas econômicas, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu esse ciclo de cortes, mantendo a Selic em 10,5% ao ano na última reunião.
Por Heloísa Mendelshon
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