Malhação do Judas 2013




Nicki Minaj - Starships




Por que podemos abandonar (e até odiar) quem amamos um dia?

Vocês trocaram mensagens bobas pelo celular, dividiram brigadeiros de panela, assistiram TV juntos largados na poltrona e dormiram de conchinha. Foram, enfim, o centro da vida um do outro. Mas agora é cada um para o seu lado. E sempre fica um enorme ponto de interrogação: se era tão bom, por que acabou? Para entender, é preciso voltar no tempo e fazer um passeio pelas savanas africanas, 3 milhões de anos atrás. O homem caçava e protegia a família. A mulher cuidava dos filhotes. Mas, em determinado momento, os casais se separavam. O objetivo da família nuclear - nome técnico que os antropólogos dão ao conjunto de pai, mãe e filhos - era garantir que o homem ficasse por perto tempo suficiente para criar o filhote. Somente isso. Quando o filhote já estava crescidinho e não exigia atenção integral da mãe (que por isso podia voltar a se virar sozinha), o pai estava livre para ir embora e procurar outras fêmeas para procriar.

É daí que vem a chamada crise dos 7 anos. Esse é o período necessário para que uma criança se torne minimamente independente. Um estudo da ONU revelou que o número de separações vai aumentando a partir do 3o ano dos relacionamentos e atinge o pico no 7o ano - quando começa a declinar. Ou seja: o 7o ano realmente é a hora da verdade da relação. No filme O Pecado Mora ao Lado, de 1955, Marilyn Monroe faz o papel de uma mulher que se relaciona com um homem casado. Sabe qual é o nome original do filme, em inglês? The Seven Year Itch, ou "A Coceira dos 7 Anos". Porque é justamente nesse momento que a relação está mais ameaçada - pela comichão de trair.

As estatísticas variam, mas entre 50 e 60% dos homens têm sexo fora do casamento, contra 45 a 55% das mulheres. O aumento da infidelidade tem a ver com a independência delas, que já são quase metade da força de trabalho e estão diminuindo rapidamente a distância financeira para os homens (nos EUA, 22% das esposas já ganham mais do que os maridos). Mas as raízes disso estão dentro do cérebro. Lembra-se de quando dissemos, na primeira reportagem desta série, que os sistemas cerebrais (luxúria, paixão/amor e ligação) eram independentes? Isso tem um motivo - e não é complicar os relacionamentos. Pelo contrário: surgiu para que nossos ancestrais pudessem buscar estratégias reprodutivas diferentes. A mulher poderia ter um parceiro para protegê-la enquanto gerava os filhos de outro, enquanto o homem poderia espalhar seus genes alegremente por aí, com outras mulheres. A natureza não queria o ideal romântico de amor eterno. Ela queria que tivéssemos um backup reprodutivo, um plano B genético, e nos meteu nessa confusão.

E as circunstâncias também influem: na hora de decidir trair ou não, a relação do casal, a insatisfação com o parceiro, a oportunidade, tudo isso pesa.

Mas muita gente tem os genes, os hormônios, todas as oportunidades do mundo, e não trai. Nós não somos robôs biológicos. É possível resistir ao desejo de trair. Mas é muito mais difícil resistir a outro fenômeno, igualmente destrutivo para os relacionamentos: o ciúme. O mais engraçado é que esse monstro de olhos verdes, como chamou Shakespeare, surgiu com o objetivo oposto - preservar a relação monogâmica. Ao primeiro sinal de infidelidade, soa o alarme e a pessoa fica atenta. E, como homens e mulheres desenvolveram estratégias distintas de reprodução, também sentem ciúmes de coisas diferentes.

Como para o homem é muito dispendioso criar o filho de outro homem, ele sente mais ciúmes da infidelidade sexual. Já para a mulher, não faria tanta diferença se o homem distribuísse apenas esperma para as moças por aí; a grande ameaça é o envolvimento emocional, que coloca em risco a proteção e o cuidado que o homem dá a ela e aos filhos.

Em 2006, o neurologista japonês Hidehiko Takahashi fez exames de ressonância magnética no cérebro de homens e mulheres que comprovaram essas diferenças. Quando sente ciúmes, o homem usa partes do cérebro ligadas a comportamentos agressivos e sexuais, como a amígdala e o hipotálamo. Já nas mulheres, a área mais ativada durante as crises de ciúme é o sulco temporal posterior superior, associado à percepção de emoções nas outras pessoas.

E a internet está piorando o ciúme. Uma pesquisa feita por psicólogos canadenses com 308 voluntários descobriu que as redes sociais, como Orkut e Facebook, alimentam o ciúme. Sabe por quê? Nada menos do que 74,6% das pessoas adicionam ex-namorados ou rolos como amigos nessas redes - que depois o cônjuge atual vai fuçar atrás de indícios.

Com ou sem ciúme, a verdade é que boa parte dos relacionamentos está destinada a acabar. E esse momento pode ser muito difícil. "A natureza realmente exagerou no que diz respeito ao fim dos relaciomentos", diz Helen Fisher. Quando uma pessoa é abandonada, sua reação se divide em duas fases. A 1a é o protesto. É quando a a pessoa fica fazendo promessas, doida para reatar. Isso pode ser muito inconveniente. Mas ela não tem culpa. É o corpo agindo. "O cérebro estava acostumado com aquela recompensa [a pessoa amada], então faz você insistir mais e mais para tentar consegui-la de novo", explica a neurologista Suzana Herculano-Houzel. O pânico de ver que não está dando certo pode acionar o sistema de estresse do organismo, que por sua vez estimula novamente a produção de dopamina - ironicamente, fazendo a pessoa se sentir ainda mais apaixonada.

Depois vem a 2a fase: aceitação. Depois de ver que o amado não irá mesmo voltar, muita coisa pode passar pela cabeça da pessoa - depressão, confusão, frustração. Até mesmo ódio. Mas por que sentir algo tão ruim por alguém que se amou? É que o ódio e o amor passam pelas mesmas partes do cérebro - a ínsula e o putâmen. "A diferença entre os dois é que, no ódio, existe mais capacidade de planejar as ações. No amor, o julgamento está prejudicado", diz o neurologista Semir Zeki, da University College London. Então o ódio é mais racional que o amor? Não necessariamente. Mas ele tem sua função: é uma defesa do organismo para nos fazer seguir em frente. Em vez de ficarmos remoendo eternamente as dores, passamos a não querer mais ver a pessoa. "Assim como o cérebro associava coisas positivas a uma pessoa, ele pode passar a associar só sentimentos ruins, negativos", diz Suzana Herculano-Houzel. Todos nós sofremos e fazemos sofrer. E, se isso servir de consolo, as celebridades também se separam e sofrem, talvez até mais do que as pessoas comuns. Já ficou famosa a chamada "maldição do Oscar", que atingiria as vencedoras do Oscar de melhor atriz. Nos últimos 12 anos, apenas duas atrizes não se divorciaram após ganhar o Oscar. E logo após o prêmio deste ano, o marido da vencedora, Sandra Bullock, foi pego tendo um caso extraconjugal.

Tem gente que mata (e se mata) por amor. Mas a maioria das pessoas supera as dores emocionais da separação. Um estudo feito pela Universidade Northwestern mostrou que terminar uma relação não é tão ruim quanto pensamos que vai ser - geralmente leva metade do tempo que achamos. Isso acontece porque a mente tende a voltar a seu estado inicial: cientistas da Universidade de Massachusetts provaram que, após um ano, as pessoas que ganham na loteria apresentam os mesmos níveis de felicidade que as que se tornam tetraplégicas. Ambas voltam aos níveis de felicidade que tinham antes do fato extraordinário. E a melhor coisa para curar um coração partido é começar outro relacionamento. Disso você já sabe. Releia a primeira reportagem desta série, levante a cabeça, sacuda a poeira, vá à luta. Se não há bem que não se acabe, também não há mal que sempre dure. Força na peruca!

Fonte: Superinteressante



Na Venezuela, preço de um iogurte equivale a três tanques de gasolina

Além de ocupar o vazio político deixado por Hugo Chávez, o futuro presidente venezuelano, que será escolhido no dia 14 de abril, terá a difícil missão enfrentar os problemas da economia do país.

Não que ela esteja em recessão. Pelo contrário: em 2012, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 5,6%, segundo o Banco Centra local. O Brasil, por exemplo, cresceu apenas 0,9%. Acontece que a população tem sofrido, principalmente, com a falta de alimentos básicos e a inflação alta.

Em fevereiro, o índice de escassez de alimentos medido pelo BC do país atingiu 19,7%. No mês anterior, ficou em 20,4%, o maior percentual desde 2008. Isso significa que, de cada cem produtos procurados pelos venezuelanos, vinte não estavam nas prateleiras.

"Falta óleo, farinha, arroz, leite e açúcar. É o preço que o país paga por importar tudo e não produzir nada", afirma o taxista equatoriano Luís Bombom, 41, que mora em Caracas há 20 anos.

Com uma indústria quase toda focada na exploração do petróleo --o país é um dos maiores produtores mundiais--, a produção interna de alimentos é insuficiente para abastecer o mercado, o que impulsiona as importações.

"Isso aqui [doce de leite] é colombiano. Isso [batata frita] é americano. Esse chocolate é Nestlé, nem preciso dizer que não foi feito aqui. Tudo o que compramos é importado e caro. Olha esse iogurte, custa 15 bolívares [R$ 4,70, no câmbio oficial]. Com isso encho o tanque do carro três vezes. Isso te parece normal?", reclama a dona de casa Patrícia Lahmann, 55, em um supermercado na região oeste de Caracas.

Um litro de água custa 65 vezes um litro de gasolina
Realmente, a economia venezuelana produz situações surreais para a realidade brasileira. Um litro de gasolina na bomba custa um pouco menos de 0,1 bolívar [R$ 0,03]. Ou seja, para encher um tanque de 45 litros, um venezuelano gasta 4,5 bolívares [R$ 1,40].

Na loja de conveniência desse mesmo posto, uma garrafa de água mineral de 1,5 litro custa 9,79 bolívares [R$ 3,05]. Isso significa que um litro de água custa 65 vezes um litro de gasolina.

"O número de estabelecimentos produtivos despencou, as exportações não-petrolíferas desapareceram e, como consequência, o setor industrial no Produto Interno Bruto diminuiu significativamente. O governo favoreceu as importações em detrimento da produção nacional", criticou em um artigo o economista José Guerra, ligado a partidos de oposição.

A dependência que a economia tem no petróleo só cresceu ao longo do governo Chávez. Em 1999, quando ele assumiu, de cada US$ 100 exportados, US$ 80 vinham da commodity. Em 2011, esse valor era de US$ 95.

Inflação está entre as dez mais altas do mundo
Outro problema que aflige os venezuelanos é a inflação, que está entre as dez mais altas no mundo. Em 2012, o índice medido pelo governo fechou em 20,1%. Só nos dois primeiros meses deste ano, a inflação acumulado é de 5%. Para comparação, em todo o ano passado, o Brasil registrou 5,84% --índice considerado alto por economistas.

Para tentar segurar os preços o governo congelou o valor alguns produtos básicos e mantém o câmbio fixo. A recente desvalorização do bolívar, porém, pode prejudicar o controle da inflação. Em fevereiro, o governo aprovou uma desvalorização no câmbio oficial de 32%: US$ 1 passou de 4,30 a 6,30 bolívares. No câmbio paralelo, porém, US$ 1 pode ser negociado a 20 bolívares.

Como muito alimentos são importados, um dólar mais caro eleva também o preço para os consumidores venezuelanos.

"Com o câmbio fixo --congelado, melhor dizendo—e inflação alta como a da Venezuela, é impossível desenvolver a indústria e a agricultura. Simplesmente, o aumento do custo da produção local, devido à inflação, elimina a competitividade da economia. Dessa maneira, as importações ficam mais baratas e as exportações mais caras", analisa Guerra.

Fonte: UOL



Scooby Doo é o desenho animado mais saudável da TV, dizem pesquisadores

Jura que o desenho de um cachorro covarde e comilão que anda por aí com um cara magricelo, uma patricinha e uma nerd (o Fred passa) é o mais saudável da televisão? Juro. Quer dizer, quem jura é o pessoal do Departamento de Saúde do Reino Unido, que passou cerca de 200 horas assistindo a 20 dos desenhos animados mais populares da televisão e anotando com que frequência os personagens principais apareciam fazendo alguma atividade física.

Sob esse critério, o pessoal do Scooby saiu na frente, e sabe por quê? Não é porque curtem uma academia, como você deve imaginar. Eles encabeçaram a lista — na frente de um grupo seleto que inclui Willy Coiote, Tom e Jerry e Bart Simpson — porque estão sempre correndo de um lado pro outro para fugir dos vilões. Fitness involuntário. Valeu, ciência.

Fonte: Superinteressante



Renda para sair da miséria não paga nem dieta básica

Os R$ 70 mensais per capita que a gestão Dilma Rousseff estabeleceu como linha de corte para erradicar a miséria são insuficientes para comprar os alimentos da dieta mínima recomendada pelo próprio governo federal.

Simulações da Folha mostram que, para adquirir as porções de comida estabelecidas no "Guia Alimentar para a População Brasileira", do Ministério da Saúde, seriam necessários, no mínimo, R$ 103 mensais --ou quase 50% a mais do que os R$ 70.

A diferença confirma aquilo que estudiosos já apontam desde 2011, quando o governo federal anunciou a criação da "linha oficial" da miséria, nunca atualizada pela inflação: ela é baixa demais.

A escolha do valor tem contornos eleitorais porque é a partir dele que Dilma vai mensurar seu esforço para erradicar a miséria no país, promessa feita em 2010 e futuro cerne de sua propaganda para tentar a reeleição em 2014.

Foi a partir desse critério também que, há mais de duas semanas, a presidente anunciou o fim da "miséria cadastrada" --por ter zerado, com uma expansão do Bolsa Família, o número de miseráveis no cadastro federal de pessoas com baixa renda.

Ao escolher uma linha baixa, Dilma tornou mais fácil cumprir a promessa --já que um teto menor acarreta menos pessoas extremamente pobres a serem resgatadas pelos programas sociais.

Apesar de o consumo alimentar mínimo ser um dos critérios mais tradicionais no desenho de linhas de miséria, não há unanimidade sobre a maneira de defini-las.

Por isso, diferentes entidades estipulam diferentes valores --a FGV (Fundação Getulio Vargas), por exemplo, tinha uma linha de R$ 138, quase o dobro dos R$ 70.

Preços mais baixos
O valor mínimo para pagar a dieta básica recomendada pelo governo se baseou nos preços médios captados em 19 cidades pelo Dieese.

A reportagem aglutinou os preços mais baixos encontrados, mesmo que em diferentes municípios, sem levar em conta a variedade de alimentos nas refeições e desconsiderando a inflação a partir do início do ano (os preços disponíveis eram os de janeiro).

Os preços individuais de cada cidade mostram um cenário ainda mais oneroso. Em Campo Grande, por exemplo, a dieta mínima custaria R$ 129; em São Paulo, R$ 155; em Manaus, R$ 193.

Os preços foram calculados antes da desoneração da cesta básica anunciada na sexta-feira, que não alteraria, no entanto, as conclusões.


Fonte: Folha.com


Assaré (CE): Exemplo de três irmãs inspira vídeo

Três da manhã. É a hora de três mulheres com deficiência visual despertarem para um novo dia. Exemplos de superação. A história de vida deu nome ao vídeo produzido pelo sobrinho das irmãs, Diogo Brasil, do projeto Verde Vida, organização não governamental, no distrito de Dom Quintino, em Crato. Ele decidiu embarcar no projeto da entidade, para mostrar a rotina de suas tias na tela. A produção foi em 2008, por meio do Ações Culturais para os Povos Rurais, com apoio da Petrobras e do Criança Esperança. A tentativa era expor o dia a dia das três irmãs.

Maria, Rita e Julia Ferreira de Sousa. Irmãs marcadas pelo destino. Todas têm deficiência visual e convivem normalmente em casa, com os afazeres domésticos do cotidiano. Uma vida que elas não lamentam pelas dificuldades que se apresentaram pelo destino afora. Vez por outra, recebem visitas de familiaresque moram na localidade da Palmeirinha, onde também residem.

Diogo se fez cineasta por alguns dias para apresentar o exemplo das tias, em um dos documentários produzidos por uma equipe da ONG Verde Vida. Ele não conseguia entender como elas encaravam a vida. O vídeo foi uma oportunidade. Ele chegou bem cedo para as primeiras filmagens. Um pouco mais, após as 3 horas. Mas, os primeiros passos de Rita já haviam sido dados, levando a lenha em busca de fogo. Até chegar às 6 horas, tudo praticamente já está pronto. O almoço, casa arrumada e varrida. Uma limpeza e arrumação impecáveis.

Maria ainda lembra dos primeiros momentos quando criança, em que teve a oportunidade de enxergar. Mas o mundo aos poucos foi escurecendo. "Aceito sem revolta, graças a Deus", diz dona Rita. Mas ela lembra dos dias em que tinha que moer milho, lavar roupa, pegar água no açude, e fazer o almoço de várias pessoas em casa. "Até as 12 horas, botava 50 latas de água na cabeça", afirma.

São mulheres do sertão cearense, acostumadas com a lida da agricultura. Colhiam algodão nos tempos de maior fartura. A conformação quanto ao estado delas é exposto por dona Maria. "Deus quis que a gente ficasse deficiente", diz ela. E aceita sem revolta a sina. Vai cantando durante os dias da vida. Pega o machado e corta a lenha para o fogo, no terreiro de casa.

Júlia não se faz de rogada, mesmo com a deficiência visual. "Faço tudo, e muitas vezes até melhor do que muita gente que tem a vista boa", afirma. E diz ainda que é bem conformada com a vista que tem. "Não sinto inveja de quem tem a sua vista boa", ressalta.

A religiosidade é um dos grandes alentos para essas três mulheres. Júlia chegou a ser catequista e a formar crianças para a Primeira Comunhão.

Os cânticos em coro das três irmãs embalam o fim de tarde. A companhia da irmã Idália Maria Ribeiro, para as missas, ou mesmo das sobrinhas, é fundamental. Um passeio imprescindível para fortalecer a esperança nos dias de vida. Mesmo já tendo ido morar em outro Estado, a irmã com visão saudável afirma que jamais pensa em abandoná-las. "São pessoas guerreiras e fortes", afirma.

Estudos
Rita lembra da sua grande vontade na vida que era de concluir os estudos. Sai a caminho do terreiro, para dar o milho das galinhas, ao mesmo tempo em que a fala conformada com o estado de vida traduz a dignidade do trabalho que pode exercer.

O som do pilão marca o compasso de uma realidade diária, naturalizada por pessoas que compreendem o sentido da vida, sem dor, nem sofrimento.

Simplesmente, elas vivem de acordo com o que possuem e as condições que dispõem para isso, sem sofrerem com limites.

Mais informações
ONG Verde Vida
Sítio Catingueira
Distrito de Ponta da Serra
Telefone: (88) 3523-9162

ELIZANGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



Juazeiro do Norte (CE): XXXI Semana Padre Cícero terá shows, palestras e procissão

A XXXI Semana Padre Cícero, marcada para 18 a 24 de março em celebração aos 169 anos de nascimento do fundador de Juazeiro do Norte, já tem programação definida, com apresentações artísticas, palestras e exibições de filme sobre o religioso. Às 18h30min do primeiro dia de festa, no Largo do Socorro, o prefeito Raimundo Macedo fará a abertura do evento, seguido de show do cantor Luiz Fidélis.

A programação de debates e mesas-redondas é um dos destaques. No dia 20, às 8 horas, “O Juazeiro das Promessas e as promessas de Juazeiro - Pequenas reflexões antropológicas” é um dos temas discutidos, com o cientista social Thiago Zanotti Carmini.

Na manhã seguinte, o mestre em sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) Paulo Leitão profere palestra sobre "Padre Cícero nas Canções” – isso para citar apenas alguns dos temas.

A programação artística conta com grupos folclóricos e musicais, como a Banda de Música Padre Cícero (dia 18), a Orquestra Armorial Difreitas (dia 21), Oswaldinho de Exu e Dão do Acordeon (dia 22).

O encerramento da programação, no dia 24, data de aniversário de Padre Cícero, começa a partir da meia-noite, do sábado para o domingo, no Largo do Socorro, com os “parabéns” a Padre Cícero – com direito a bolo, show pirotécnico e distribuição do caldo. Às oito da manhã, terá início mais uma edição da tradicional Corrida Padre Cícero.

Finalizando os festejos dedicados ao padre fundador de Juazeiro do Norte, às 16 horas, haverá a procissão. A programação completa pode ser vista em www.juazeiro.ce.gov.br.

Fonte: O Povo



151 cidades do CE terão que divulgar dados

Os municípios com menos de 50 mil habitantes têm até maio deste ano para cumprir os requisitos exigidos pela lei complementar 131, de maio de 2009, conhecida como lei da transparência. Isso representa 4.958 cidades brasileiras, ou seja, um total de 90% dos municípios. No Ceará, a porcentagem chega a 82,1%, ou seja, 151 das 184 cidades. A legislação exige a divulgação em tempo real das informações sobre a execução orçamentária e financeira em meios eletrônicos de acesso público. Na prática, é a implantação dos portais da transparência na internet.

As cidades de maior porte já estão obrigadas a cumprir a lei. O prazo dado aos municípios com mais de 100 mil habitantes foi de um ano, ou seja, desde 2010 já devem disponibilizar esses dados na internet. Aos que possuem entre 50 e 100 mil, foram dados dois anos para cumprir as exigências. No Ceará, essas duas faixas, juntas, somam 33 municípios. Para os de menor porte, que representam a ampla maioria, o limite foi de quatro anos, tendo em vista as dificuldades financeiras e de pessoal dessas prefeituras.

O diretor geral do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM), Juraci Muniz, explica que, em 2010, o TCM encaminhou aos 184 prefeitos e presidentes das câmaras municipais do Ceará um modelo de portal da transparência gratuito a ser utilizado facultativamente. No entanto, o que se constata ao acessar o site de algumas prefeituras é que uma parcela dos gestores públicos ainda não consegue cumprir todas as exigências da lei, como a publicação dos relatórios de gestão fiscal, por exemplo.

De acordo com Juraci Muniz, o TCM está monitorando as cidades cearenses que estão respeitando ou não a lei 131/2009 e já chegou a protocolar processos contra alguns prefeitos que não estão cumprindo devidamente as exigências. "O Tribunal está acompanhando quem está atendendo, quem descumpre, e já há processos instaurados para determinar que os municípios atendam aos dispositivos da lei", destaca Muniz.

Fiscalizar
O diretor geral ainda explica que o Tribunal irá alertar os gestores, através do endereço eletrônico do TCM, para a data limite de implantação dos portais da transparência, fixada em 27 de maio, levando-se em conta a grande quantidade de municípios que se enquadram na faixa inferior a 50 mil habitantes. "O Tribunal, como órgão de controle externo, pode fiscalizar essas ações, assim como o TCU e TCE, e cobrar dos municípios o cumprimento da lei", diz.

Entre outras informações, os prefeitos terão que publicar na internet o orçamento previsto e sua execução, a origem da receita, as compras realizadas, os nomes dos fornecedores, os pagamentos a pessoas físicas e jurídicas, as licitações, contratos e convênios e nomes dos funcionários públicos, juntamente com seus cargos e salários.

O diretor geral do TCM, Juraci Muniz, explica que, a partir de maio, o desafio do Tribunal será acompanhar o andamento dos portais dos 184 municípios cearenses, embora ele reconheça a inviabilidade de fiscalizar diariamente essas informações. Até lá, o trabalho será de orientar os gestores a atentarem para o prazo previsto na lei. Juraci também ressalta a importância do controle social no sentido de monitorar a execução orçamentária das prefeituras. "O maior fiscal dos recursos é o cidadão. A população tem aptidão para verificar isso", aponta.

Juraci Muniz ressalta que o TCM repassa mensalmente ao Governo do Estado um balanço dos municípios que publicaram os dados no Sistema de Informações Municipais (SIM), disponibilizado no Portal da Transparência dos tribunais de contas. "Há uma periodicidade, não temos como olhar todos (os portais) diariamente, mas observamos quando eles não atentam para esse dispositivo reincidentemente", diz.

Impedidos
Em caso de descumprimento à lei complementar 131/2009, os municípios podem ficar impedidos de receber transferências voluntárias, obter garantia, direta ou indireta, de outro ente e contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

A Controladoria Geral do Estado do Ceará (CGE) está disponibilizando orientações sobre o Portal da Transparência do Governo Estadual para os municípios que desejem implantá-lo. O órgão já está recebendo a visita de alguns gestores com interesse em obter informações sobre a plataforma.

Fonte: Diário do Nordeste



Moradores do Piauí comem rato rabudo para matar fome na seca

A comida escassa devido à seca está fazendo piauienses caçarem roedores para complementarem a alimentação. No distrito de Brejinho, no município de Assunção do Piauí (273 km de Teresina), todos os dias no fim da tarde é comum ver moradores saindo para as áreas de grutas para colocarem armadilhas para pegar o "rato rabudo".

A caça ao animal é artesanal, e a armadilha é feita com pedra e gravetos. "Quando o rabudo passa pela armadilha, a pedra cai em cima e ele morre sufocado. No dia seguinte, a gente vai logo cedo ao local buscar o animal para já ser consumido no almoço", disse o morador de Brejinho Genivaldo Bezerra, 35.

A reportagem do UOL tentou encontrar em alguma residência um rato para consumo, mas os moradores explicaram que como passam muita fome consomem logo o animal. "Como não tenho dinheiro para comprar carne, aqui é caçando, tratando e comendo o rabudo. Ninguém fica com ele na geladeira por muito tempo porque passamos fome e vamos logo comendo", disse Bezerra.

Apesar de a maioria dos moradores de Brejinho ter acesso ao programa Bolsa Família, eles afirmam que o dinheiro que recebem não dá para comprar a "mistura" para o almoço e acabam saindo à caça de ratos para servir de carne na alimentação. A dona de casa Francisca Ramos da Silva, 41, não se incomoda em contar à equipe de reportagem do UOL que a única carne consumida na casa dela é de rato.

"A gente tem de se virar. Não plantamos nada neste ano por conta da chuva que não veio. Ninguém aguenta almoçar com a comida pura e, como o dinheiro que recebemos só dá para comprar arroz, feijão e macarrão, comemos o rabudo para complementar", disse Francisca, informando que a carne do rabudo "é saborosa" e é sempre uma festa quando conseguem caçar alguns ratos.

Maior que a ratazana
Segundo o "Guia dos Roedores do Brasil", o rato rabudo (Thrichomys apereoides) é chamado por esse nome porque tem a cauda longa e mais peluda que as demais pelagens do corpo. O animal é um mamífero roedor encontrado tipicamente nas regiões Nordeste e Norte do Brasil e habita áreas pedregosas e de vegetação aberta, como a caatinga e o cerrado, no Brasil, e o chaco, no Paraguai.

A nutricionista Patrícia Lima disse que apesar de o "rato rabudo" viver em áreas inóspitas no sertão nordestino o consumo da carne é perigoso devido à transmissão de doenças por também estarem próximos a comunidades sem esgotamento sanitário.

"Apesar de ser um rato que come somente frutas e vive em ambientes limpos na mata, o rato rabudo também vive perto de comunidades rurais, onde o saneamento é precário, por isso eles não diferem dos nossos conhecidos ratos, ratazanas. Devem ser vetores de inúmeras doenças. Os moradores, quando caçam, podem se infectar dentro de casa quando 'limpam' e tratam o rato para comer."

A nutricionista explicou que para ter uma alimentação correta, a dieta deve conter "carboidratos, proteínas e lipídios, além de minerais e vitaminas". "A proteína vai depender do costume, dos seus hábitos alimentares das pessoas, que pode ser encontra em carne animal e até em vegetais como a soja, grão de bico etc. Na carne do rato com certeza tem proteína de origem animal."

"É triste saber que ainda existem pessoas que, devido as necessidades que passam, se submetem a se alimentar de rato. Mas, por conta da pobreza no Nordeste, não é de estranhar que se aventurem numa coisa dessa, porque a fome, sentir fome por diversos dias, dá desespero. Acho que só num caso de desespero para encarar isso."

Fonte: UOL



Dilma reduz repasses para Pernambuco, governado por potencial rival em 2014

A gestão da presidente Dilma Rousseff derrubou repasses federais para financiar projetos apresentados por Pernambuco, do governador Eduardo Campos (PSB), potencial adversário da petista na eleição presidencial de 2014. Dilma alterou, assim, a trajetória de transferência desse tipo de recurso, iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo dados do Tesouro Nacional, em 2012, o valor repassado voluntariamente pelo governo federal chegou a patamar menor que o de 2006, último ano de gestão do então governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que fazia oposição ao governo do PT.

As transferências voluntárias são aquelas em que não há obrigatoriedade prevista em lei, como nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) ou do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Compreendem recursos obtidos por meio de convênios ou acordos, mediante solicitação dos Estados. Também não incluem investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujos projetos são definidos pelo governo federal.

Campos tem dado sinais de que pode ser candidato em 2014. Aumentou as críticas à política econômica de Dilma, num aceno ao empresariado, que está insatisfeito com as taxas de crescimento do PIB. Passou também a fazer reuniões políticas com maior frequência, inclusive com integrantes da oposição – embora aja como candidato, ainda analisará o cenário de 2014 para ponderar a conveniência de se lançar ou de negociar com o PT a retirada da candidatura.

De acordo com os dados do Tesouro, o governo federal aumentou o porcentual de verbas distribuídas ao governo pernambucano quando Lula e Campos estavam no poder. Em 2007, primeiro ano do mandato de Campos, a participação de Pernambuco no total das transferências voluntárias era de 5%. Em 2010, último ano de gestão Lula, alcançou 14,6%, a maior fatia de tudo o que foi repassado aos Estados no ano.

No mesmo período, caiu a participação de São Paulo, administrado pelo PSDB, maior partido de oposição. Em 2007, o Estado recebia 9,62% do total de transferências voluntárias do governo federal. Três anos depois, o porcentual caiu para 6,27%. Enquanto isso, os valores totais repassados pela União cresceram: de R$ 4,4 bilhões para R$ 6,8 bilhões.

Em 2010, Campos chegou a receber R$ 994 milhões dessas transferências voluntárias. O governador disputava a reeleição com o apoio do PT – e Lula usava Pernambuco como vitrine de projetos federais em infraestrutura e combate à pobreza para promover a candidatura Dilma.

A alta foi puxada, por exemplo, por investimentos feitos em agricultura familiar (R$ 45 milhões) e defesa civil (R$ 250 milhões), que contou com a ajuda do Ministério da Integração Nacional, do ministro Fernando Bezerra, aliado de Campos.

Interrupção
Os números do Tesouro mostram que a trajetória de crescimento dos repasses para Pernambuco foi interrompida por Dilma. Em 2011, as transferências caíram para R$ 318 milhões. O valor, no entanto, ainda era maior que o verificado em 2007, 2008 e 2009. Mas em 2012 os repasses diminuíram mais uma vez e chegaram a R$ 219 milhões, o menor desde 2006, ano em que o governador era Vasconcelos. As transferências voltaram a 4,88% do total enviado para os Estados, o mais baixo porcentual do governo Campos.

Em 2012, o PT e o PSB de Campos saíram rachados na eleição para a Prefeitura do Recife. Venceu o candidato do governador, Geraldo Julio. A partir daí, a relação com o PT começou a azedar.

Na semana passada, Lula chegou a criticar postura de Campos, que integra a base governista, mas ensaia um discurso oposicionista. "Se alguém quiser romper conosco, que rompa. Não podemos impedir as pessoas de fazerem o que é de interesse dos partidos políticos", disse.

Fonte: Estadão



Top 10 curiosidades sobre "The Walking Dead"

Apesar de ser uma série nova, The Walking Dead é um sucesso enorme e já tem milhões de fãs em todos os cantos do mundo, tornando-se um dos seriados mais assistidos na atualidade. E mesmo com o pouco tempo já é cheia de curiosidades interessantes, confira:

THE WALKING DEAD - A saga começou despretensiosa, ainda em 2003, com a publicação de uma HQ mensal pela editora americana Image Comics. A história foi escrita por Robert Kirkman e ilustrada por Tony Moore (e, posteriormente, Charlie Adlard). Com o passar do tempo, o sucesso foi tanto que as edições se esgotavam assim que chegavam às bancas. A série de TV, com a adaptação da história, estreou em 2010 na AMC.











Fonte: Mundo DSE


John Mayer - Waiting On The World To Change




Assaré (CE): Deficiência visual não limita vida de produtor

As atividades diárias preenchem um espaço que antes eram bem mais simples. Hoje, fazem parte de uma trajetória de superação. O agricultor Francisco Duarte Pinheiro começou a trabalhar cedo. Ainda era uma criança. A deficiência visual também se apresentou nos primeiros anos de vida, mas o trabalho sempre foi fundamental para a sobrevivência. Hoje, ele é um exemplo de que, mesmo com o quadro de seca que se apresenta no sertão, mantém um rebanho sadio e bem nutrido, à custa de um trabalho diário.

No terreiro de casa, ele reconhece o sinal de cada passo, o barulho do chocalho das vacas no curral próximo à sua residência. O dia começa bem cedo, perto das 3 horas. Momento de tirar o leite. Aos 62 anos, sem os dois olhos, ele afirma ser um meio homem depois que perdeu a visão total. Mas a coragem, não quer perder jamais.

Criou os cinco filhos com muito trabalho. O único que mora perto de casa, a 15 quilômetros, na cidade de Assaré, o comerciante Cícero Duarte Pinheiro, diz que a última palavra para decidir algo em sua casa, sempre parte do seu pai. E Francisco Duarte busca a perfeição no trabalho que desenvolve.

Mas, para chegar a esse resultado, foram anos de exercício, principalmente depois que perdeu a oportunidade de, pelo menos, enxergar a sombra do sol e da lua. A primeira visão perdeu cedo, e a segunda, com alguns anos. Um acidente com o irmão, que sem querer fez com que um laço de animal atingisse o olho de Francisco.

Saúde
Alguns anos depois, com mais de 20 anos, o agricultor teve que retirar o olho infeccionado. "Uma dor incomparável. Um momento da minha vida de muito sofrimento", diz ele.

A sua esposa, Maria de Fátima Freire Pinheiro, diz que esse momento de superação fez com que visse em seu marido a esperança de conquista, que vem através de um exercício diário. "Ele saía esbarrando nas coisas dentro de casa, mas nunca parou", afirma, ressaltando a força e a capacidade do marido, que nunca desistiu.

Hoje, seu Francisco dorme pouco. Ele diz que o que o fazia repousar com maior tranquilidade era poder ver o claro do dia e depois fechar os olhos. "Hoje, são fechados para sempre", diz.

Para o agricultor, o sono agora é leve. Quando muito, Francisco Duarte consegue dormir pelo menos por uma hora, e o restante da noite fica em estado de alerta.

Os gritos pelos nomes das vacas apelidadas por rainha, cara preta, amorosa, pontuda, princesa ecoam na mata da Serra dos Barbosa. Cada uma delas sai de dentro do mato, em busca do espaço garantido pelo dono.

Os bezerros olham para seu Francisco, esperando a ração do fim de tarde. Poucos moradores das redondezas possuem animais tão nutridos. O carinho e a dedicação fazem com que ele se desdobre durante o dia inteiro, dedicado aos animais a quem tanto se apegou. Parar, jamais. Essa é uma palavra que não cabe no vocabulário do agricultor.

E não tem tempo para tédio na vida de Francisco Duarte. Sempre tem muito trabalho. De manhã, vai buscar água para os animais, prepara a ração, leva o gado para o pasto. "Não tenho tempo para me encostar. Quem não nasceu para ter coragem, morre enferrujado", afirma. Os passos são rápidos. No fim da tarde, ele sai com o seu jumentinho pela mata e um facão, em busca de pasto para os animais.

As mãos são certeiras no triturar dos galhos espinhosos. Os pedaços são pequenos, para levar a alimentação dos animais ao curral.

Seca
Ano passado, com a seca do sertão, dona Fátima disse que foi necessário fazer empréstimos, tanto do salário dela como também de seu Francisco, para efetuar a compra da ração para o gado. O pasto ralo não dava para manter o rebanho. Mas, nesse ano, com a estiagem prometendo uma seca pior que a do ano anterior, poderá obrigar a venda da maior parte dos animais.

Com o leite das crias, ordenhado por Francisco, ela prepara o queijo caseiro. Um admirador, que sai de mãos dadas com ele para o pasto, o neto Mateus Duarte, segue o avô na jornada, quando está sem aulas.

O olhar de admiração e o aprendizado diário demonstram a conquista de uma nova vida que não faz esmorecer os que seguem o exemplo do agricultor. O filho Cícero admite que, nas vezes em que quis desistir de algo, lembrou do seu pai, que mesmo sem a visão nos dois olhos, vítima na infância de um glaucoma congênito, superou as dificuldades e partiu para novas conquistas.

Dor
O agricultor lembra do momento em que sentiu uma dor muito profunda. Ele diz que o seu olho explodiu. Mais dois irmãos do agricultor também têm problemas relacionados à cegueira. Mas, Francisco Duarte descobriu na pecuária a sua razão de viver e fazer bem aos animais. "Se ele pudesse, seria um veterinário", afirma o filho Cícero. Isso, diante dos momentos em que teve que fazer o parto das vacas que tinham de parir.

Essa fama também se espalhou pela vizinhança. Quando a dificuldade se apresenta, como diz o filho Cícero, ele é chamado para resolver, muitas vezes, situações em que os próprios veterinários sentiram complicações. Francisco segue a sua jornada. Um prazer e também uma razão de viver.

Mais informações
ONG Verde Vida
Sítio Catingueira
Distrito de Ponta da Serra
Telefone: (88) 3523-9162

ELIZANGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



Ex-prefeito é preso acusado de destruir patrimônio e agredir PM

O ex-prefeito de Pereiro, Raimundo Estevam Neto, foi preso e autuado na manhã deste sábado, 9, por crimes de dano ao patrimônio público, ameaça e desacato. O município está localizado a 328,1 km de Fortaleza.

De acordo com a Delegacia Regional de Jaguaribe, onde foi instaurado inquérito, Neto Estevam, como é conhecido o ex-prefeito, serrava a grade de proteção do açude Adauto Bezerra, no médio Jaguaribe, quando foi abordado por policiais militares que tentaram impedi-lo de praticar o dano ao patrimônio público.

O ex-prefeito alegou que serrava a grade de proteção para colher capim e teria desacatado os policiais.

Após luta corporal com um PM, o ex-gestor foi encaminhado à Delegacia Regional de Jaguaribe. Depois de pagar fiança, Neto Estevam foi libertado. Ele vai responder ao processo em liberdade.

Fonte: O Povo



Somebody That I Used To Know - Sungha Jung




Começa corrida para a sucessão de Cid Gomes

Os prazos estabelecidos em leis para as filiações partidárias de todos quantos queiram ser candidatos em 2014, antecipam o debate sobre a sucessão estadual, embora nada seja definido antes de aclarado estar o quadro de alianças e postulantes à Presidência da República. Estranhamente, porém, tudo quanto acontece em relação à substituição do atual gestor do Ceará, têm como protagonistas seus próprios aliados. Fora desse arco situacionista não há sequer remotos sinais de mobilização individual ou coletiva

Cid Gomes, no momento, tem ao seu redor quatro pretendentes à chefia do Executivo estadual: Domingos Filho, atual vice-governador; Eunício Oliveira, senador da República; Leônidas Cristino, ministro do Governo Dilma Rousseff, e Mauro Filho, secretário da Fazenda estadual. Quando o candidato a ser apoiado por Cid for escolhido, só Eunício Oliveira não estará no partido do governador. Ele continuará no PMDB, enquanto Domingos Filho já terá trocado o PMDB pelo PSB, para atender ao determinado pela legislação eleitoral.

Enfrentamento
Se do lado da situação a dificuldade será escolher um dentre os citados, fora dela não se vislumbra nomes nem articulação para o enfrentamento se necessário for. É uma realidade muito pobre para um Estado com um total de 30 partidos legalmente existentes, contando, em seus quadros, com filiados capazes não apenas do enfrentamento de uma disputa eleitoral, mas, sobretudo preparados para serem bons governantes. Se realmente ainda é muito cedo para o estabelecimento de candidaturas majoritárias ou proporcionais, não o é, no entanto, para os partidos mostrarem seus quadros e projetos.

A indefinição do cenário nacional, norteador das alianças e candidaturas nos Estados, deveria ser motivo de animação em todos os grêmios partidários, para, pelo menos, no momento certo, cada um deles ter o norte do caminho a percorrer. A acomodação de hoje nos motiva a acreditar numa eleição igual às últimas aqui realizadas, com apenas um ou no máximo dois candidatos com perspectiva de chegar à vitória, deixando, indiscutivelmente, uma boa parte do eleitorado cearense sem opções de escolha.

Os quatro aliados de Cid estão em plena campanha de consolidação dos seus nomes. Nenhum deles faz reserva quanto ao trabalho desenvolvido, embora Domingos, Leônidas e Mauro ressaltem ser do governador a palavra final sobre o escolhido. De modo próprio, todos, inclusive Eunício, buscam reunir elementos que permitam ao chefe enxergar quem mais vantagem apresente para a disputa nas urnas e consequentemente seja esse o escolhido em qualquer dos cenários apresentados a partir da eleição presidencial.

Rearrumar
Os pretendentes ao Governo do Ceará trabalham com a perspectiva das candidaturas da presidente Dilma à reeleição, e a do senador tucano Aécio Neves, como as principais, atentos, porém, ao posicionamento do governador pernambucano Eduardo Campos que, em vindo a ser candidato a presidente, motivará uma situação nova, a partir de um rearrumar da aliança feita pelo PSB cearense, principalmente com o PT e o PMDB, talvez até reclamando uma candidatura de Cid ao Senado, para dar mais musculatura à chapa majoritária que apoiar.

Campos, como todo político sensato e experiente, jamais dirá, antes do início do próximo ano, se vai ou não disputar a sucessão presidencial. Deixando pairar a dúvida, como ela está hoje, só resultados positivos vai colher para si e sua agremiação. Então não há pressa para anunciar o seu futuro. Os outros que trabalhem ou não com essa variante na preparação, também, das sucessões estaduais.

EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA

Fonte: Diário do Nordeste



18 dicas para reconhecer um mentiroso de primeira categoria

Já dizia o doutor House: as pessoas mentem. Algumas, muito mais e muito melhor do que as outras. Por isso, é normal desconfiar das histórias absurdas do amigo ou acreditar que o seu colega de trabalho pode ser um psicopata. Mas não há motivos para a paranoia.

A revista Scientific American mencionou recentemente o trabalho de uma equipe de pesquisadores liderados pelo psicólogo  holandês Aldert Vrij, da Universidade de Portsmouth, que listou características típicas de mentirosos convicentes para ajudar a identificá-los:

1- São manipuladores. Segundo o artigo, manipuladores mentem frequentemente e não têm escrúpulos morais – por isso, sentem menos culpa. Eles também não têm medo de que as pessoas desconfiem e não precisam de muito esforço cognitivo para fazer isso. A coisa meio que acontece naturalmente.

2- São bons atores. Quem sabe atuar tem mais facilidade em mentir e se sente confiante ao fazer isso, pois sabe que é capaz de fingir muito bem. (Antes que comece a polêmica, não estamos dizendo aqui que bons atores são necessariamente mentirosos. A lógica é oposta: bons mentirosos é que são, geralmente, bons atores)

3- Conseguem se expressar bem. “Pessoas expressivas geralmente são benquistas”, dizem os pesquisadores.  Elas dão uma impressão de honestidade porque seu comportamento sedutor desarma suspeitas logo de início, além de conseguirem distrair os outros facilmente.

4- Têm boa aparência. Pesquisas já mostraram que pessoas bonitas tendem a ser mais queridas e vistas como honestas, o que ajuda quem curte enganar os outros.

5- São espontâneos. Para acreditarmos num discurso, ele precisa parecer natural. Quem não tem a capacidade de ser espontâneo acaba parecendo artificial – e fica difícil convencer alguém desse jeito.

6- São confiantes enquanto mentem. Bons mentirosos geralmente sentem menos medo de serem desmascarados do que as outras pessoas. Então, mantêm uma atitude confiante em relação à sua habilidade de mentir.

7- Têm bastante experiência em mentir. Assim como nas outras coisas, o treino também leva à perfeição quando se trata de mentir. Quem está acostumado a isso já sabe bem o que é necessário para convencer as pessoas e conseguem lidar mais facilmente com suas próprias emoções.

8- Conseguem esconder facilmente as emoções. Em algumas situações mais arriscadas, mesmo um mentiroso veterano pode sentir medo e insegurança. Nesse caso, é fundamental conseguir camuflar bem essas emoções. Além disso, já dissemos que mentirosos geralmente são pessoas expressivas, né? Pois é: eles costumam ser bons em fingir sentimentos que não estão realmente sentindo, mas também tendem a manifestar seus verdadeiros sentimentos espontaneamente. Por isso, é necessário ter habilidade em mascará-los para que não venham à tona.

9- São eloquentes. Pessoas eloquentes conseguem confundir mais facilmente as pessoas com jogos de palavras e conseguem enrolar mais nas respostas caso lhe perguntem algo que exija outras mentiras.

10- São bem preparados. Mentirosos planejam com antecedência o que vão fazer ou dizer para evitar contradições.

11- Improvisam bem. Mesmo estando preparado, é preciso estar pronto a improvisar caso alguém comece a desconfiar da história que ele inventou ou as coisas não saiam como esperava.

12- Pensam rápido. Para improvisar bem, é preciso pensar rápido. Quando imprevistos acontecem, e fica fácil desconfiar quando a pessoa fica sem resposta ou tenta ganhar tempo dizendo “ahhn” ou “eee”. Bons mentirosos não têm esse problema e conseguem pensar em uma saída rapidamente.

13- São bons em interpretar sinais não verbais. Um bom mentiroso está sempre atento à linguagem corporal do seu ouvinte e consegue interpretar sinais não-verbais que possam indicar desconfiança. Caso identifique indícios de suspeitas, ele muda de atitude ou melhora a história.

14- Afirmam coisas que são impossíveis de se verificar. Por motivos óbvios, bons mentirosos costumam fazer afirmações sobre fatos que sejam impossíveis de se provar e evitam inventar histórias mirabolantes que poderiam ser facilmente desmascaradas.

15- Falam o mínimo possível. Quando é impossível falar algo que não pode ser verificado, o mentiroso simplesmente não diz nada. Se a peguete pergunta ao mentiroso onde estava naquela noite em que não atendeu ao telefone, ele vai preferir responder algo como “honestamente, eu não me lembro”. Melhor do que inventar que teve de levar a avó ao médico. Quanto menos informação fornecer, menos oportunidade ele terá de ser desmascarado.

16- Têm boa memória. Quem quer desmascarar um mentiroso procura por contradições no seu discurso, porque muitas vezes eles podem simplesmente se confundir ou esquecer detalhes que inventaram. Mas não se impressione se a pessoa conseguir se lembrar e repetir cada vírgula do que lhe contou anteriormente. Bons mentirosos geralmente têm ótima memória.

17- São criativos. Eles conseguem pensar em saídas e estratégias que você nunca imaginaria. Mas não se deixe levar pelo seu brilhantismo – afinal, é isso o que eles querem.

18- Imitam pessoas honestas. Mentirosos procuram imitar o comportamento que, no imaginário das pessoas em geral, são típicos de quem só diz a verdade – e evitam se parecer com a imagem que se tem dos mentirosos.

Apesar deste parecer um manual para ajudar as pessoas a mentir melhor, os pesquisadores têm certeza de que essa lista não é capaz de melhorar a capacidade mentirosa de ninguém. Isso porque a maioria dessas características são inerentes à pessoa e têm a ver com aspectos da sua personalidade. Para a ciência, o melhor mentiroso é aquele que nasceu assim.

Fonte: Superinteressante



Juazeiro do Norte (CE): Banco popular multiplica empreendedores no Interior

A partir da experiência do Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza, a implantação de outros bancos comunitários e solidários com moedas próprias surgiram no Brasil. Hoje são mais de 150 instituições financeiras populares implantadas em pelo menos 20 Estados. No Ceará, há registro de 37 moedas sociais, sendo seis na Capital.

Na cidade de Acarape, no próximo dia 21, haverá o relançamento do banco solidário e da moeda social, que mudou de nome. Em vez de Vale Acarape, agora é Palmares.

O objetivo dos organizadores da instituição é ampliar não somente as ações, mas também a oferta de crédito e de capacitação profissional para os jovens e empreendedores locais.

Histórico
A criação do Banco Acarape ocorre a partir da experiência exitosa do Banco Palmas, que oferece assessoria e crédito. A mobilização social remonta ao início da década de 1990, quando, na cidade, foram implantadas cooperativas de costureiras e uma fábrica de máquinas industriais de costura, por meio de iniciativas de empresários coreanos com investimentos de bancos oficiais.

Na época, começava o esforço do Governo do Estado em atrair capital e empresas externas para um novo ciclo de industrialização no Interior. Nas cooperativas, havia mais de duas mil costureiras trabalhando, cortando e costurando peças de jeans. Dez anos depois, o projeto fracassou com a saída dos empresários e o também com o fim da isenção de incentivos fiscais.

Os problemas sociais surgiram, dentre eles o desemprego. As dívidas trabalhistas foram quitadas com a apreensão das máquinas industriais de costura, por decisão da Justiça do Trabalho. Apesar das dificuldades enfrentadas pelos ex-empregados ficou a vocação local. Muitos continuaram a produzir peças em casa, mas faltavam capacitação técnica e meio para manutenção e renovação do maquinário.

Diante desse cenário, surgiu em 2004, o Banco Acarape, uma instituição solidária, sob a coordenação do Banco Palmas. Em pouco tempo, mais de R$ 30 mil foram concedidos pelo sistema de crédito solidário para cerca de 50 costureiras. A ideia deu certo e a inadimplência ficou bastante reduzida.

Ampliação
As ações em apoio aos empreendedores avançaram com a criação do Projeto Acarape de desenvolvimento em rede de caráter social, comunitário e popular. Foram firmadas parcerias entre o setor público e privado e o chamado terceiro setor, as organizações sociais. "Conseguimos, com poucos recursos, bons resultados", comemora o coordenador do projeto, Pedro Henrique Alcino. "A cidade hoje é um celeiro de desenvolvimento", acrescenta o coordenador.

O esforço da Secretaria Municipal de Planejamento é atrair instituições nacionais e internacionais para apoiar as ações definidas no projeto social e de empreendedorismo.

O Programa Nacional de Desenvolvimento (PNUD) das Nações Unidas (ONU) e a Universidade da Integração Internacional Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), sediada em Redenção, são parceiras do programa de desenvolvimento social local. "O nosso objetivo é trabalhar com organizações não governamentais de certificação nacional e internacional para apoiar os nossos projetos", frisou Pedro Henrique Alcino.

Os próximos passos serão a ampliação da carteira de crédito do Banco Acarape, em pelo menos dez vezes, resgatar a feira livre, oferecer capacitação profissional, apoio e assessoria para os empreendedores individuais. "Vamos, com essas ações, aquecer a economia local", frisou Pedro Alcino. "O município foi dividido em 22 territórios e concluímos um censo sobre consumo e produção familiar. A ideia é aproveitar o trabalho de cerca de 150 costureiras e a produção de mais de 200 mil peças de jeans por mês e agregar valor a esse produto, implantando toda a cadeia produtiva da confecção".

Irauçuba
No distrito Juá, zona rural do município de Irauçuba, localizado na Zona Norte do Ceará, a Associação dos Jovens Empreendedores (AJE) mantém o Banco Juazeiro e a moeda social, chamada Cactus.

A instituição foi implantada em 2005, com o apoio do Banco Palmas, mas passou por um período fechado em decorrência de dificuldades de gerenciamento, manutenção e falta de capital próprio. "Reabrimos há três anos e com o apoio do município recomeçamos a funcionar", explicou a analista de crédito da instituição, Raquel Doroteu.

A falta de capital próprio e de apoio de instituições não governamentais impedem no momento a concessão de crédito aos moradores do distrito.

"Temos potencial produtivo, somos considerados a capital da produção de rede de dormir, de boa qualidade", observou Raquel Doroteu. "Estamos no processo de reformulação do banco e da moeda social", destaca.

A secretária de Desenvolvimento Econômico de Irauçuba, Daniele Pernambuco, ainda destacou a importância social e econômica dos bancos solidários existentes nos distritos de Juá e de Missi.

"A partir da implantação de correspondentes bancários, vai facilitar que moradores evitem deslocamentos para a cidade para fazer pagamento e recebimento de recursos dos programas sociais do Governo Federal e outros créditos. Esses recursos circulam na comunidade, fortalecendo a economia local".

Iniciativas
Na cidade de Juazeiro do Norte, desde 2011, uma nova moeda social é cada vez mais usada nos setores do comércio e de prestação de serviços. O Timba é aceito nos estabelecimentos no bairro Timbaúba. O objetivo é ajudar no desenvolvimento local. Atualmente, 13 mil pessoas que moram na localidade são beneficiadas. O uso da moeda social é simples: o cliente faz um cadastro no banco comunitário e pede um empréstimo. Esse dinheiro é repassado para a pessoa na moeda social, que é aceita em lojas no bairro. O dono do comércio vai ao banco comunitário e faz a troca da moeda pelo Real. São 200 pontos de venda.

Para evitar falsificações, as moedas possuem uma faixa prateada com alto relevo, que se for removida, danificando a cédula, ou se tirar cópia, fica visível a falsificação. "Não há risco do comerciante perder dinheiro e todo o empréstimo feito pelo banco em Timba já existe a mesma quantia guardada no banco para pagá-lo quando vier trocar as notas", diz Helena de Assis, agente do banco comunitário.

Já em Choró, no Sertão Central, o Banco Sertanejo, inaugurado em 2008, funcionou por um ano. A falta de apoio do setor público e de lastro financeiro impediu a continuação das atividades, coordenadas pelo Instituto de Desenvolvimento de Choró. "Reativaremos o convênio com a Prefeitura e esperamos voltar com os empréstimos e a moeda Sabiá", disse a agente de crédito Alzenir Vieira. Por enquanto, o banco está na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e, praticamente, sem operação.

Palmas é referência como pioneiro
Uma experiência comunitária que começou tímida e com dificuldades, há 15 anos, no Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza, espalhou-se pelo Brasil, obteve êxito e hoje é modelo nacional de economia solidária. A criação do Banco Palmas mudou a vida dos moradores, fortaleceu as finanças das famílias, o comércio local e contribuiu para a melhoria da autoestima das famílias do bairro.

A instituição prepara-se para comemorar uma década e meia de fundação e sediará, de 12 a 15 de março, o 3º Encontro Nacional da Rede Brasileira de Bancos Comunitários.

Uma das principais lições que ensina o Banco Palmas é que o melhor caminho para superar a pobreza é o trabalho comunitário, solidário. Conceder crédito individual, sem assistência técnica e financeira, é um curto passo para o fracasso.

O Banco Palmas foi fundado em 20 de janeiro de 1998. De lá para cá, muitas coisas mudaram. "O que antes era uma utopia virou uma prática, uma referência nacional. Começamos com cinco clientes e dois mil reais em caixa, e hoje temos 14 mil clientes, 13 milhões de reais emprestados e uma rede de 103 bancos comunitários no Brasil", observa o coordenador geral do Banco Palmas, João Joaquim de Melo Neto.

Por meio do Instituto Palmas, a experiência de Fortaleza transformou praticamente em uma política nacional. "Hoje somos uma rede presente em 19 Estados", frisou Melo Neto.

Os números atuais impressionam. São 3.500 postos de trabalho gerados no bairro. Cerca de cinco mil pessoas beneficiadas por treinamento e quatro mil oportunidades no mercado de trabalho. De 15 mil assistidos, quase nove mil são mulheres beneficiadas com o Bolsa Família.

Os empreendedores locais recebem empréstimos com taxas de juros menores que os do sistema financeiro oficial, não há burocracia e foi criada uma moeda social própria, a Palma, que promove a circulação da riqueza no bairro. Uma Palma equivale a um Real. O lastro é obrigatório.

São 46 mil Palmas circulantes. Há cerca de 240 empreendimentos no Conjunto Palmeiras e as empresas oferecem desconto médio de 5% aos que utilizam essa moeda. No período de funcionamento da instituição, foram criadas seis empresas independentes. Na comunidade, cerca de 350 comércios foram financiados e apoiados mais de 200 outros serviços, como cabeleireiro e manicure.

Para comemorar os 15 anos de fundação, a entidade lançará um livro sobre a sua experiência. A obra tem a contribuição de sete pensadores brasileiros e a contra-capa escrita pelo pensador francês, Edgar Morin.

Há também uma pesquisa feita pelo Núcleo de Economia Solidária (Nesol) da Universidade de São Paulo, realizada em parceria com o Instituto Palmas, a Universidade de Columbia.

Segundo Melo Neto, o próximo passo será a criação do banco eletrônico. "Os bancos comunitários estão em lugares menos protegidos, vulneráveis a assaltos, arrombamentos". A ideia é criar o Palma Card. A partir do banco, foi criado o Palma Lab, em parceria com a Mahiti Infotech. O laboratório criou chip, aplicativo de celular para mapeamento, e em breve haverá disponibilidade de um programa para ajudar o empreendedor a fazer a gestão do seu negócio, disponível em plataforma de comunicação móvel.

No próximo dia 12, será realizado um evento em comemoração ao Dia Internacional da Economia Solidária. Na programação, também será criada ainda outra moeda destinada às crianças, a Palminha, fruto de uma preocupação com a nova geração, para que seja educada no sistema financeiro solidário e comunitário, com valores limitados entre um centavo e um real. "Vamos fazer 50 oficinas nas escolas, mostrando como a moeda funciona, qual a importância de comprar no bairro, do comércio justo e como o dinheiro circula", explicou Melo Neto.

Mais informações
Banco Juazeiro, distrito de Juá, em Irauçuba
Fone: (88) 3635. 2095
Banco Acarape
Fone: (85) 8845. 7895 

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste