:: CARTA AOS CRATENSES :: Por: Luis Carlos Saraiva

Finalizadas as convenções, o PSL ficou inserido numa coligação com chances reais de garantir a eleição de vereadores e, nesse contexto, gostaria de explicar sobre as circunstâncias que me levaram a abrir mão de minha candidatura à reeleição. Não é fácil delinear um quadro de candidatos a vereadores num partido já com dois ocupantes de cargos no Poder Legislativo. Além disso, houve muita demora na definição dos nomes que disputarão a Prefeitura de Crato, deixando o PSL no compasso de espera aguardando a fim de escolher o mais interessante para o município.

No caso da disputa para vereador, o quociente eleitoral deste ano deve ficar na razão de 3.200 votos. Sozinho, dificilmente o PSL atingiria esse patamar se não conseguisse uma coligação proporcional. No âmbito majoritário, optamos pelo nome do deputado estadual e candidato do PP, José Ailton Brasil, referendando a própria escolha do nosso governador e conterrâneo, Camilo Santana. Não votei nele, mas entendo que o PSL jamais poderia fechar os olhos para o muito que o Estado vem fazendo por nossa cidade

Assim, fomos buscar um partido dentre os que estão na base de apoio ao futuro prefeito de Crato, José Ailton Brasil, e não foi difícil notar a indiferença das agremiações contatadas em virtude do meu nome e do colega vereador, Luciano Saraiva. No meu caso particular, pesquisa recém-realizada em Crato apontou uma preferência o que me encheu de orgulho. O próprio governador e outras lideranças políticas tentaram costurar um entendimento, mas foi em vão.

Na véspera da nossa convenção, sai de casa para deixar os filhos na escola no que ia refletindo sobre àquela pressão carinhosa dos amigos enquanto brincava com os filhos os quais são minhas preciosidades maiores. Daí, optei por um caminho justo e consensual ao invés de impor coligações inserindo meu nome e contrariando tantos e tão bons amigos. Lembrei do que tinha ouvido um dia: “Tú te tornas eternamente responsável pelo que cativas” quando decidi abdicar da possibilidade de levar adiante o projeto de reeleição.

Confesso ter me sentido mais leve e plenamente convicto quanto a decisão que tomei. Foram muitos os telefones, abraços, mensagens confortantes e elogios pela minha conduta os quais aproveito para agradecer. Não escondo o orgulho de ter representando o povo de Crato na Câmara Municipal e nem mesmo da preciosidade da minha família e dos muitos amigos que conquistei ao longo de minha vida. Saibam todos que continuaremos juntos, pois meu futuro político a Deus pertence.

LUIS CARLOS DUARTE SOBREIRA SARAIVA

As 37 maiores mentiras da política brasileira

A política brasileira sempre foi pródiga em meias verdades, passadas de perna, falsas promessas. E também em trapaças, fraudes, falácias – algo que nós, eleitores, aprendemos a resumir simplesmente como mentiras. Em ano de eleições, GQ relembra as maiores lorotas proferidas por nossos políticos desde a fundação da República. 

Aqui, elas não seguem uma ordem, da mais grave para a de menor gravidade. Há mentiras para todo gosto: a dissimulação do aliado para enganar o companheiro de partido; a promessa que não passou do discurso; o político que, na tentativa de se defender, “nega veementemente” o envolvimento em falcatruas – para, tempos depois, reaparecer com a surpresa: ele tinha toda culpa no cartório. São hábitos que fazem parte do jogo e que sempre existirão na zona cinzenta da política. Mas nunca é demais lembrar de como fomos enganados e, em um ano como este, até aprender algo com isso. Nem que seja a não nos iludirmos tanto com eles.

1- “O PIB passou para 1,5%”, Dilma Rousseff (2013)
Na ânsia de revelar números melhores para a economia brasileira, a presidente Dilma Rousseff (PT) acabou desmentida pelo próprio IBGE. O erro aconteceu em dezembro, quando Dilma falava sobre a revisão do Produto Interno Bruto de 2012 ao jornal espanhol El País. Com a tal revisão, o crescimento teria pulado de 0,9% para 1,5%. O alvoroço foi grande quando, uma semana depois, o IBGE mostrou o número correto: o PIB pulara só para 1%, frustrando as expectativas. Analistas do mercado estranharam a falha de comunicação de um número tão importante – e críticos do governo viram aí uma tentativa de “inflar” otimismo. Dilma cobrou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pela saia justa.

2- “O governador usa o helicóptero para cumprir os compromissos”, Sérgio Cabral (2013)
Até o cachorro Juquinha embarcou na polêmica dos helicópteros de Sérgio Cabral (PMDB). Em julho passado, o governador do Rio foi acusado de abusar do transporte aéreo oficial, tanto na agenda pública (sua casa fica a apenas dez quilômetros do Palácio da Guanabara) como na privada (voos semanais à casa de veraneio com família, cachorro, amigos dos filhos e babás). A um custo mensal de R$ 320 mil. Como a resposta oficial sobre os “compromissos” não colou, Cabral desculpou-se. Assinou um código de ética para, enfim, deixar o helicóptero restrito a “atividades do serviço público”. Em dezembro, voltou a usar a aeronave com a família nos fins de semana.

3- “Vou cumprir o mandato até o final”, José Serra (2005)
Romper um compromisso assinado custou caro a José Serra (PSDB). Em 2004, durante uma sabatina do jornal Folha de S. Paulo, o então candidato à prefeitura de São Paulo se comprometeu a não abandonar o mandato. Chegou a assinar um documento. Eleito, ficou só 454 dias no cargo, do qual abriu mão para disputar, com sucesso, o governo do estado. Mas a promessa não cumprida o assombraria oito anos depois. Outra vez candidato à prefeitura, Serra não foi perdoado pelos adversários, que viram na falsa promessa um flanco aberto para aumentar sua rejeição entre o eleitor indeciso. O tucano acusou o golpe. Precisou explicar o episódio em plena propaganda eleitoral.

4- “Silvio Santos não vai ser político”, Silvio Santos (1988)
O dono e apresentador do SBT passou de raspão na política. Primeiro, ao vivo, afirmou que não sairia candidato nem indicaria nenhum político a nenhum cargo. Um ano depois, em gravação no mesmo SBT, mudou o discurso: estava pronto para defender o povo brasileiro se fosse alçado à presidência em 1989. Ao fundo, um jingle bombardeava o número 26. A empreitada desandou com a mesma velocidade com que apareceu. Havia irregularidades no partido que o abrigava, o pequenino Partido Municipalista Brasileiro. A candidatura foi impugnada na véspera da eleição. Silvio nunca mais saiu do show biz.

5- “Só quero uma choupana e um cigarro de palha”, Itamar Franco (1991)
Queria uma aposentadoria bucólica e recebeu a atribulada administração de um país imerso em crise política e inflação de 1.000%. Tamanha distância entre as coisas mostra como é fácil ver a esperteza de Itamar, então vice-presidente de um Collor cada vez mais próximo do impeachment. Sem Collor, fez um governo tranquilo de 1992 a 1994, marcado pelo bem-sucedido Plano Real e pela paciência nas articulações, da esquerda à direita. Baiano de nascença, mas mineiro de trato, sabia manobrar. “Eu, astuto? Sou até meio bobo.” De bobo não tinha nada – nem de morador de choupana. Ainda governaria Minas Gerais e seria senador até 2011, ano de sua morte.

6- “É bom o PSDB ter José Serra para qualquer candidatura”, Aécio Neves (2013)
Separados, porém juntos. Foi assim que Aécio Neves e José Serra travaram uma saga pelo direito de enfrentar o PT. Com dissimulação calculada de ambos os lados, elogiavam-se em público e articulavam nos bastidores. A briga começou na preparação para as eleições de 2010. Aécio queria prévias. Serra, não – e ele venceu, saiu candidato e perdeu a eleição. No ano passado, com o jogo a favor do hoje senador mineiro, Serra manteve a esperança. Ouviu, diplomaticamente, que seria ótimo tê-lo disponível para “qualquer candidatura”. Faltou combinar: qualquer uma menos a presidencial. Aécio à frente, ainda houve uma tentativa de chapa puro-sangue. Serra rejeitou a ideia de ser vice. Esperneou até ceder, em dezembro. Pelo Facebook, finalmente deu o aval à candidatura do adversário. Os dois voltaram aos elogios e ao ideal comum de derrotar Dilma em outubro. Juntos, porém separados.

7- “Não houve mensalão”, Lula (2012)
Na política, negar o todo é sempre uma saída para não se reconhecer as partes. Assim, a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), publicada pelo The New York Times em 2012, entrou em contradição com suas declarações anteriores. Em 2005, quando vieram à tona as suspeitas sobre um esquema de compra de votos de parlamentares e caixa dois de campanha, Lula se mostrou sensibilizado. “Eu me sinto traído por práticas inaceitáveis. O PT errou. O governo, no que errou, tem de pedir desculpas.” Negou que o Congresso estivesse sujeito à compra, mas admitiu que o partido praticara financiamento irregular de campanha. “O que o PT fez é feito no Brasil sistematicamente.” Lentamente, a mea-culpa de Lula transformou-se em negativas sobre todo o caso. Em 2012, no julgamento do mensalão, irregularidades foram comprovadas. Lula disse que só se pronunciará após o “julgamento total”.

8- “Renuncio quando Genoino também deixar a CCJ”, Marco Feliciano (2013)
O deputado federal Marco Feliciano (PSC) prometeu a renúncia em abril do ano passado, durante uma avalanche de protestos contra sua presença à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM). Criticado por frases polêmicas sobre homossexualidade e aborto, o pastor disse que deixaria o cargo tão logo os petistas José Genoino e João Paulo Cunha, condenados no processo do mensalão, também deixassem a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da mesma casa. Com Genoino e Cunha fora da CCJ, Feliciano desfez a promessa. Ficou no cargo até dezembro. “Apostaram que eu renunciaria, o que não fiz. Estou bem avaliado.”

9- “Vou sair incólume”, Celso Pitta (1999)
Ele não foi um bom prefeito, tampouco saiu incólume. Alçado à prefeitura de São Paulo por Paulo Maluf (PP), Celso Pitta foi alvo de uma série de denúncias de corrupção. Escândalos como o dos precatórios, esquemas de achaque a donos de imóveis, desvios na área da saúde, nomeação de funcionários fantasmas, irregularidades com empresas de lixo, dentre outros. Foi afastado da prefeitura por 18 dias e retomou o mandato numa manobra judicial. Pitta deixou o cargo com desaprovação recorde de 78% e como réu em 13 processos. Morreu de câncer em 2009.

10- “A viagem não foi para lazer ou turismo”, Henrique Alves (2013)
Ah, se os aviões da FAB falassem. Diriam que o político brasileiro vive sobre uma tênue linha entre turismo e trabalho. Em junho de 2013, o deputado Henrique Alves (PMDB) viajou ao Rio de Janeiro para uma reunião, não oficial, com o prefeito Eduardo Paes. Motivo menos nobre para acompanhá-lo na aeronave pública tinham seus parentes e amigos: sete pessoas viajaram com Alves para assistir a um jogo do Brasil na Copa das Confederações. Acusado de desvio ético, o deputado e presidente da Câmara admitiu o erro e devolveu R$ 7 mil aos cofres públicos, valor das passagens.

11- “O Delúbio deixou claro que não houve caixa dois”, José Dirceu (2005)
O mensalão ainda era novidade quando o petista José Dirceu subiu ao Conselho de Ética da Câmara para se defender. Ex-ministro, alvo de acusações ainda nebulosas, fora questionado sobre o financiamento da campanha presidencial de 2002. Negou o tal caixa dois e atribuiu a certeza da lisura ao colega Delúbio Soares, ex-tesoureiro da legenda. A tese não resistiu. Tanto Dirceu quanto Delúbio admitiram, depois, que houve uso de caixa dois (sob o eufemismo de “recursos não contabilizados”) em campanhas do partido e de aliados. Começava a briga do mensalão, com a discussão sobre se a irregularidade era só crime eleitoral, ou esquema corrupto de compra, com os tais “recursos”, de apoio político ao governo Lula. No fim do julgamento, o Supremo Tribunal Federal escolheu a segunda opção. José Dirceu foi considerado chefe do esquema e condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa. Atualmente, cumpre pena de sete anos e 11 meses. Delúbio, acusado pelos mesmos crimes, cumpre pena de seis anos e oito meses. Ambos no regime semiaberto.

12- “Não sou mentiroso”, Demóstenes Torres (2012)
O ex-senador Demóstenes Torres construiu uma das menos edificantes trajetórias recentes da política brasileira. Foi de paladino da ética a aprendiz de contraventor em alguns meses. Uma investigação da Polícia Federal revelou que Demóstenes usava sua influência para favorecer o bicheiro e amigo íntimo Carlinhos Cachoeira – recebendo por isso. O Ministério Público estima ganhos ilegais em torno de R$ 1 milhão, entre dinheiro, bebidas, viagens e eletrodomésticos. Ameaçado, Demóstenes negou a relação com Cachoeira. Diante das provas tentou relativizar a culpa. “Não sou mentiroso”, disse no plenário. Finalmente, admitiu a mentira. Deixou o DEM antes de ser expulso e teve o mandato cassado pelo Senado.

13- “Ganhei 200 vezes na loteria”, João Alves (1993)
Poucos foram tão longe no quesito cara de pau. Então deputado pelo PPR, o baiano João Alves ficou conhecido como líder de quadrilha no escândalo dos anões do orçamento. No esquema, emendas parlamentares eram aprovadas para desviar recursos da União a empreiteiras e entidades sociais falsas. O rombo: R$ 800 milhões. A maior ousadia de Alves, no entanto, foi declarar todo o dinheiro à Receita Federal – e justificá-lo como prêmio de sucessivas apostas na loteria. Renunciou ao mandato em 1994 para evitar a cassação. Morreu em 2004 aos 85 anos.

14- “Sou agricultor. É dinheiro da venda de verduras”, José Adalberto Vieira da Silva (2005)
De tão curiosa, a história inspirou até marchinha de Carnaval. José Adalberto Vieira da Silva, assessor do PT, fora preso no Aeroporto de Congonhas com uma bagagem delicada: R$ 200 mil em uma mala e US$ 100 mil dentro da cueca. Indagado sobre a quantia, disse que era pagamento pelas verduras vendidas em um armazém de São Paulo. A história chamou a atenção porque Silva era assessor do irmão de José Genoino, então presidente do PT. Para o Ministério Público, era tudo propina. Depois do escândalo, Silva perdeu o cargo, foi expulso do partido e mudou a explicação. Declarou o dinheiro como fruto de uma doação, sem esclarecer a origem. “E não estava na cueca, mas no cós da calça.”

15- “No Brasil não há lugar para ditaduras”, Costa e Silva (1964)
Uma das mais traumáticas mentiras da história política do país. Foi pronunciada antes da posse do general Costa e Silva, em um discurso que ainda incluía a garantia do “reestabelecimento da plenitude democrática” assim que o país estivesse longe das ameaças esquerdistas. Assim o povo recebeu o golpe que derrubara João Goulart. Expectativas sobre a redemocratização deixariam de existir quatro anos depois. Costa e Silva, representante da linha dura das Forças Armadas, assinaria o Ato Institucional número 5, suspendendo uma série de direitos constitucionais. Era o começo da fase mais violenta da ditadura.

16- “Eu não tenho conta na Suíça”, Paulo Maluf (2001)
Um clássico do nosso folclore político. Acusado pelo desvio de milhões da prefeitura de São Paulo, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) mentiu e foi desmentido. A própria Justiça da Suíça enviou ao Brasil documentos comprovando a posse de 12 contas milionárias em seu nome e de sua família. Durante os anos 2000, pressionado por jornalistas, Maluf mostrava-se confuso. Dizia-se que começava com “não tenho conta na Suíça”, passava por “não tenho um conto na Suíça” e terminava com “não conto o que tenho na Suíça”. Um processo em fase final corre com ordem de ressarcimento à prefeitura. Maluf segue na lista de procurados pela Interpol – e na Câmara, como deputado federal.

17- “Estarei com Dilma em 2014”, Eduardo Campos (2012)
Como um batedor de pênalti a secar um lado do gol e cobrar para o outro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), passou de governista fiel a pré-candidato da oposição. A “secada” foi forte. “Não há dúvida, não”, disse em dezembro de 2012, negando qualquer candidatura e reforçando o apoio à reeleição da presidente Dilma. Campos afastava assim o interesse do PSDB em seu nome e abria espaço para outras combinações. Atraiu Marina Silva para sua chapa e acabou sendo apontado como futuro candidato pela aliada. Fez como dizia Magalhães Pinto, político mineiro: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. E Campos ainda fechou com chave de ouro: “Estou pronto e animado para ganhar em 2014”.

18- “A prioridade do meu governo é a reforma tributária”, Fernando Henrique Cardoso (1994)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) talvez detenha um recorde de promessas no quesito reforma tributária. Desejada e prometida dos anos 90 até hoje, a reorganização do sistema de impostos é um dos maiores nós da política nacional: um cipoal difícil de consertar pela quantidade de interesses envolvidos, de setores da economia a estados inteiros. Em 1993, FHC, como ministro da Fazenda, disse que a revisão dos tributos era item primordial. Em 1994, como candidato, taxou a reforma como prioridade. No mesmo 1994, já eleito, reforçou a promessa. Em 1995, mandou proposta tímida ao Congresso, que não foi para votação. A história se repetiu em 1998, 1999 e 2001. Reforma tributária, desde sempre, só amanhã.

19- “Era para comprar panetones”, José Roberto Arruda (2009)
O então governador do Distrito Federal encheu-se de espírito natalino para se defender de acusações de corrupção. Investigado pela Polícia Federal, Arruda foi flagrado, em vídeo da época de campanha, recebendo R$ 50 mil. O dinheiro, segundo a investigação, era de empresários interessados em futuros contratos. O propinoduto alimentava o caixa de campanha e pagava mesada a parlamentares, num escândalo conhecido como “mensalão do DEM”. Ou “Bolsa Panetone”, na piada popular. Arruda perdeu o cargo e chegou a ser preso. O processo criminal espera julgamento.

20- “República no Brasil é coisa impossível”, Marechal Deodoro (1889)
Além de “impossível”, seria também “uma verdadeira desgraça”. Assim o Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, descreveu o regime republicano em cartas trocadas com um sobrinho às vésperas do golpe que derrubaria o Império, em 15 de novembro de 1889. A correspondência levou os historiadores a uma conclusão paradoxal: o fundador da República não era republicano. Deodoro da Fonseca teria aderido ao golpe por ressentimentos pessoais – e, na condição de político, boa dose de oportunismo. Convertido, fez possível a República que, até então, era “impossível” sem ele. História do Brasil 1 x 0 ficção.

21- “Eu não sei o que é ato secreto. Aqui ninguém sabe”, José Sarney (2009)
Quem realmente desconhecia a caixa-preta do Senado era o povo brasileiro. Entre 1995 e 2009, uma estrutura clandestina permitiu que mais de 600 medidas administrativas fossem tomadas ali sem nenhum conhecimento público. Eram os “atos secretos”, série de nomeações e benefícios conhecidos apenas pelos agraciados com seu pedido. No caso, senadores que puderam empregar parentes, distribuir salários de R$ 15 mil a garçons e conceder vantagens odontológicas a aliados. Entre os beneficiados estava o próprio presidente da casa, José Sarney (PMDB), acusado de nepotismo. Sarney negou. Sob ameaça de quebra de decoro, voltou atrás: admitiu que sabia de tudo, anulou os atos e saiu ileso.

22- “Nunca desviei um centavo da Assembleia”, Natan Donadon (2013)
De nada adiantou discursar no plenário da Câmara para se defender. Natan Donadon entrou para a história como o primeiro deputado em exercício, desde a Constituição de 1988, a ter prisão declarada pelo Supremo Tribunal Federal. Havia sido condenado em 2010 a cumprir 14 anos de cadeia pelos crimes de peculato e formação de quadrilha. Aguardou o julgamento dos recursos em liberdade até o ano passado. Donadon participou de um esquema que simulava contratos de publicidade com a Assembleia Legislativa de Rondônia. Desviou mais que centavos: R$ 8,4 milhões.

23- “O painel eletrônico do Senado é inviolável”, Antônio Carlos Magalhães (2000)
Nada como uma pequena trapaça para descobrir os segredos dos inimigos. Grande personagem da política brasileira, Antônio Carlos Magalhães, o baiano ACM, caiu em desgraça nos idos de 2000 por comandar uma fraude no equipamento do Senado. A casa decidia, em voto secreto, a cassação do senador Luiz Estevão. ACM encomendou a lista dos votos a seu aliado José Arruda, que fez a ponte com os funcionários responsáveis. Buscava munição contra os adversários. Painel violado, ACM negou tudo, mas foi descoberto. Ele e Arruda renunciaram para escapar da punição. Em 2002, Magalhães foi eleito senador outra vez. Um ano depois, a denúncia foi arquivada. Faleceu em 2007.

24- “Vou acabar com os marajás”, Fernando Collor (1990)
Foi no governo de Collor em Alagoas que o apelido “caçador de marajás” alçou voo nacional. Marajás eram os funcionários públicos com altos salários conquistados à base de fraudes. Sem realizar nenhuma obra, mas em alta pelo discurso de paladino, Collor venceu a eleição de 1989, o primeiro pleito democrático para presidente desde 1960. Em setembro de 1992, diante de uma CPI que listava as inúmeras irregularidades de seu curto governo, sofreu impeachment. Para a voz das ruas, Collor, ele próprio, havia se tornado o maior dos marajás do país. Entrara como guardião da moralidade e saíra derrubado e com direitos políticos cassados.

25- “Estive em Roma e trouxe água benta”
O mineiro José Maria Alkmin, conhecido por assumir a vice-presidência do país entre 1964 e 1967, também tinha seu lado folclórico. Quando era deputado federal, durante o governo de Getúlio Vargas, passou por uma saia justa na alfândega. Voltava de Roma com uma caixa de uísque – em tempos difíceis para trazer bebida importada ao país. Escapou da situação com uma dose de invenção, cinismo e bom humor: “Estive em Roma e trouxe água benta pelo papa”. O oficial ficou sem graça. “Mas, deputado, é uísque...”, disse ao abrir a caixa. No que Alkmin respondeu, sem constrangimento: “Pois já começou a operar milagres”.

26- “O governo não tem razões para ir ao FMI”, Delfim Netto (1980)
Algumas previsões são pródigas em revelar o contrário do que previam. Ministro da Fazenda durante o “milagre econômico” dos anos 70, o economista Delfim Netto tocava a pasta do Planejamento em 1980. Imaginava mais crescimento e um Brasil livre de credores para a década. Aconteceu exatamente o contrário. Com uma nova crise do petróleo, elevação das taxas de juros internacionais e o fim da capacidade brasileira de equilibrar pagamentos, veio a ressaca. Ninguém mais queria emprestar dinheiro ao país, que entraria em sua maior crise econômica. Em 1982, a única saída foi correr ao FMI.

27- “Não tenho plano B. Meu partido é a Rede ou a Rede”, Marina Silva (2013)
Não existe política sem plano B. Daí a surpresa de ouvir a ex-senadora Marina Silva jurar fidelidade com tanta veemência a seu projeto político, a Rede Sustentabilidade. Líder do movimento, Marina almejava candidatura própria. Queria disputar a presidência pela Rede. Resultado: o TSE negou o registro do partido por falta de assinaturas necessárias. Eis que o “plano B”, descartado em setembro passado, renasceu. Sem opção para disputar o Planalto, Marina se filiou ao PSB duas semanas depois, deixando seus apoiadores originais enfurecidos. A carta já estava na manga. Marina quer voltar a pedir o registro da Rede ao TSE em 2014. O ano promete.

28- “É impossível baixar a tarifa de ônibus”, Fernando Haddad (2013)
Batismo de fogo para o prefeito de São Paulo, as manifestações de junho enterraram qualquer explicação a favor do aumento das passagens de ônibus. Haddad (PT) até tentou mostrar aos manifestantes que uma tarifa de R$ 3 era inviável para seu orçamento. Munido de números, segurou o aumento de R$ 3,20 o quanto pôde. Até os protestos explodirem e provarem, como disse Lula, que “não existe problema sem solução”. Haddad juntou-se ao governador Geraldo Alckmin e anunciou o “impossível”: as passagens voltariam a R$ 3. O “preço” do recuo, obviamente, seria repassado a outras áreas de investimento.

29- “Não há acordo financeiro entre PTB e PT”, Roberto Jefferson (2004)
A contradição que revelou o escândalo do mensalão começou em setembro daquele ano. Roberto Jefferson, deputado e presidente do PTB, primeiro negou cabalmente que seu partido havia recebido dinheiro do PT. Um ano depois, mudou o discurso. Disse que havia recebido, ele próprio, R$ 4 milhões em espécie para distribuir entre seus correligionários. O dinheiro era vivo e o emissário, um tal de Marcos Valério. O objetivo do dinheiro, não declarado à Receita Federal, era garantir que o PTB apoiasse o PT nas eleições de 2004. Começava o escândalo do mensalão. Jefferson confessou a mentira e admitiu o envolvimento no esquema. Terminou cassado e condenado a sete anos de prisão.

30- “Não pretendo ser governador de Minas”, Tancredo Neves (1983)
O mineiro Tancredo sabia dar passos largos com discrição. Um episódio simbólico aconteceu às vésperas da eleição para governador de Minas, logo após a filiação do político ao PMDB. Depois de uma entrevista, Tancredo espichou o olho em direção às anotações de um jornalista. “Não pretendo ser governador de Minas”, lera no papel. Mandou o repórter corrigir: “Não pretendo ser candidato a governador de Minas”. Com mineirice exemplar, Tancredo garantia em silêncio sua vaga no Palácio da Liberdade.

31- “Olá, meu querido povo de Mombaça”, Antônio Paes de Andrade (1989)
A pequena cidade de Mombaça, no Ceará, já foi capital do Brasil. Difícil de acreditar? A história começou em fevereiro de 1989, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Paes de Andrade, assumiu interinamente a Presidência da República por oito dias. Ele substituía o presidente Sarney, que viajara ao Japão. Pois o “presidente” Paes de Andrade resolveu fazer o impensável. Reuniu comitiva de 63 pessoas e viajou a Mombaça, sua cidade natal de 40 mil habitantes, para uma série de festejos. A legislação permite que o Congresso decida, com sanção presidencial, a mudança temporária da capital. Foi o que ele fez. Fundava-se a “República de Mombaça”, fugaz capital do país, uma mentira amparada na megalomania de um político – e na lei.

32- “Vamos fazer do Maranhão um Tigre do Nordeste”, Roseana Sarney (1994)
A referência aos Tigres Asiáticos está no rol das mais descabidas promessas de campanha. Roseana era candidata ao governo do Maranhão na ocasião da propaganda televisiva que explicava, entre outras coisas, como superar o crescimento industrial da Coreia do Sul com “mais recursos naturais e melhor infraestrutura”. Roseana repetia o script do pai, José Sarney. Eleito para o governo do estado em 1965, ele também prometeu o fim da fome, da corrupção e do atraso. Hoje, o Maranhão ostenta o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país e vive uma escalada de violência. O número está próximo ao da Síria, país em guerra civil.

33- “Como uísque? Eu disse leite, Murilo. Lei-te”, Jânio Quadros (1960)
A arte da esquiva, se não termina em indignação, pode criar ótimas piadas. Em 1960, Jânio Quadros visitava o Recife em campanha para presidente. Hospedado na casa do ex-deputado Murilo Costa Rego, preparava-se para uma coletiva de imprensa logo pela manhã. Diante de um banquete de queijos, bolos e frutas, Jânio fez troça: “Só estou vendo leite. Não sou bezerro. Quero um puro, Murilo”. Eis que, no momento em que era servido pelo garçom com uma garrafa de Old Parr, uma caravana de prefeitos entrou na sala. O repórter Sebastião Nery flagrou a cena. “Como uísque? Eu disse leite, Murilo.” Jânio bebeu tudo num só gole.

34- “O povo de Goiás vai ter orgulho de mim”, Carlinhos Cachoeira (2012)
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não só desapontou Goiás como envergonhou o país inteiro, aqui e no exterior, com participação em inúmeros escândalos de corrupção. No jornal The New York Times, o empresário-bicheiro virou “Charlie Waterfall”. Menos engraçado que o apelido é seu currículo de negociatas: líder de um esquema de jogo ilegal em Goiás, financiador de campanhas via propinas e dono de uma vasta rede de influência – para benefício próprio – entre policiais, juízes, jornalistas e parlamentares, incluída aí sua notória amizade com o ex-senador Demóstenes Torres. Condenado a 40 anos de cadeia, chegou a ficar nove meses preso. Recorre em liberdade.

35- “É apenas um forte resfriado”, Comunicado da junta militar (1969)
Eis um diagnóstico otimista para governantes à beira da morte. Em dezembro de 1969, o presidente Costa e Silva, adoecido, viajava de emergência ao Rio de Janeiro. No avião, seu rosto foi coberto com um lençol. Para encobrir a gravidade do problema, os militares disseram se tratar de uma gripe – por três dias. Costa e Silva havia sofrido um derrame cerebral fatal. A ideia era ganhar tempo para realizar a transição. O governo de Costa e Silva entraria na história malogrado pela assinatura do AI-5, o mais duro dos decretos que limitaram a liberdade democrática no Brasil.

36- “O candidato vale quanto pesa”, Rinoceronte Cacareco (1959)
Poucas vezes um candidato de mentira fez tanto sucesso – a ponto de ser eleito. Cacareco era, na verdade, uma fêmea rinoceronte de 900 quilos do Zoológico de São Paulo. A pegadinha foi criada pelo jornalista Itaborahy Martins, do jornal O Estado de S. Paulo, para criticar o nível dos candidatos da eleição municipal. Pegou. Como não havia voto eletrônico nem cédulas oficiais, as gráficas contratadas entraram na brincadeira e incluíram o nome do rinoceronte na lista. Cacareco teve cerca de 100 mil votos, superou todos os concorrentes e “elegeu-se” vereador em São Paulo.

37- “O Rodoanel não vai ter pedágio”, Geraldo Alckmin (2002)
Assim garantiu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em uma sabatina da Folha de S. Paulo em 2002. Ímã de votos para o PSDB, o Rodoanel Mário Covas foi anunciado nas eleições daquele ano como projeto ambicioso – e gratuito – para resolver o trânsito da Grande São Paulo. Questão de “coerência”, disse Alckmin. Em 2008, a promessa caiu: a rodovia entrou no sistema pedagiado e não parou de ganhar cancelas de cobrança. Foi a solução diante da falta de dinheiro público para a obra. E a frase de Alckmin perambula até hoje pelo YouTube, sempre a serviço de seus adversários.

Fonte: GQ Brasil

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Rio 2016: Torcedor é retirado à força de arena por protesto contra Temer

Um torcedor que acompanhava as finais do tiro com arco foi retirado à força por agentes da Força Nacional da arquibancada do Sambódromo, onde aconteciam as competições. Os policiais o levaram para a área destinada aos espectadores alegando que ele havia gritado “Fora Temer”. O UOL Esporte falou o torcedor retirado e com sua família. Eles negam que ele foi o autor do grito de protesto contra o presidente interino.

O torcedor e sua família preferiram não se identificar ao conversarem com o UOL. A reportagem entrou em contato com eles, por telefone, horas depois do incidente na arena olímpica. Um vídeo que circula na internet mostra o momento em que a Força Nacional aborda o torcedor.

Ele foi ao Sambódromo acompanhado pela esposa e dois filhos. Chegou a levar um cartaz contra o presidente interino Michel Temer e exibi-lo da arquibancada. O Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 proíbe que torcedores levem cartazes ou faixas de cunho político ou religioso para arenas olímpicas. Sabendo disso, um agente da Força Nacional abordou o torcedor e pediu para que guardasse o cartaz.

“Ele guardou o cartaz na mochila e continuamos ali assistindo à competição”, complementou a mulher do torcedor envolvido no incidente. “Atendemos ao pedido do agente da Força Nacional.”


Alguns minutos depois, entretanto, um outro torcedor gritou "Fora Temer" na arquibancada –o torcedor retirado ratifica que não gritou. O protesto fez com que quatro membros da Força Nacional voltassem a abordá-lo.

Os agentes queriam que o torcedor fosse acompanhado para fora da arquibancada. O torcedor negou, dizendo que não tinha sido o autor do grito. Outros presentes no Sambódromo avisaram os agentes da Força Nacional. Mesmo assim, os policiais então levantaram o torcedor à força e o retiraram da área de espectadores.

“Meus filhos estavam ali”, disse a esposa. “Todo mundo disse que não tinha sido ele. Não precisavam disso.”

Ainda sem saber o que fazer após a ação, a esposa e os filhos decidiram ficar na arquibancada. O torcedor foi levado para atrás do espaço e teve que entregar o cartaz que havia levado e guardado na mochila.

Agentes da Força Nacional chegaram a iniciar sua condução para fora da arena. Um funcionário do Comitê Rio-2016 avisou aos policiais que ele não poderia ser retirado. Os agentes, então, o liberaram.

Cerca de 20 minutos após a confusão --tempo suficiente para fazê-lo perder a disputa pelo bronze no tiro com arco--, o torcedor voltou ao seu lugar e pôde acompanhar a busca pelo ouro. “No final, deu tudo certo. Mas a abordagem foi completamente desproporcional”, disse a esposa.

A Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos), que coordena o trabalho da Força Nacional na Olimpíada, foi procurada para comentar a abordagem ao torcedor, mas ainda não se pronunciou.

Fonte: UOL

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Novos casos de AIDS preocupam o Cariri

No primeiro semestre deste ano, a quantidade de pessoas diagnosticadas com o vírus HIV na região diminuiu 24,1% em relação ao mesmo período de 2015 (foram 47 casos contra 62 confirmações). Apesar da boa notícia, o número de novas ocorrências positivas feitas por semana ainda preocupa o Cariri. De acordo com dados do Serviço de Assistência Especializado (SAE) de Juazeiro do Norte, entre quatro a seis novos casos surgem semanalmente, constatados em exames laboratoriais. O SAE, além de Juazeiro do Norte, presta assistência aos municípios de Missão Velha, Caririaçu, Granjeiro, Barbalha e Jardim.

Alerta
O coordenador do Serviço, Ronildo Alves de Oliveira, ressalta, entretanto, que o número de pessoas infectadas pode ser ainda maior. "Não podemos nos limitar apenas aos pacientes atendidos aqui. Muitas pessoas fazem o exame, são diagnosticadas mas nem mesmo iniciam o tratamento, ou seja, não entram para essa estatística, sem contar com aquelas que, inúmeras razões, nem fazem o teste", explica Ronildo Alves de Oliveira.

Em Crato, cidade com menos da metade da população juazeirense, o número também preocupa. Segundo dados do Centro de Infectologia do município, de dois a três casos são registrados por semana. Atualmente, somente no SAE de Juazeiro, 926 soros positivos estão em tratamento. Para atender a alta demanda, 12 profissionais, entre médicos, enfermeiros, psicólogo, farmacêutico e assistentes sociais, compõe a equipe.

Conscientização
Diferente do que ocorre no Estado, quando a maior ocorrência da doença se dá na faixa etária adulta de 30 a 39 anos, em Juazeiro, explica Ronildo, os jovens com idade entre 16 e 24 anos estão entre as principais vítimas na região. Dentro deste universo, destacam-se, ainda segundo ele, as mulheres. "Esses adolescentes passaram a banalizar a doença. Acham que pegar o HIV é algo normal, já que possui tratamento, e deixaram de se prevenir. Falta maior conscientização", analisa.

ANDRÉ COSTA 
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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Rio 2016: Temer reduz seu discurso na abertura da Olimpíada a 10 segundos e é vaiado

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foram oficialmente abertos por uma cerimônia de quatro horas e um discurso de menos de dez segundos. Michel Temer, presidente interino do Brasil, cumpriu com sua obrigação e anunciou o início da Olimpíada, mas mas o fez com uma única frase: "Depois desta maravilhosa festa, declaro inaugurados os Jogos Olímpicos de Rio, que se celebram na trigésimo primeira olimpíada da era moderna"- cujo final mal se escutou por causa das vaias. O conservador Temer ostenta a presidência enquanto se decide o futuro político da presidenta eleita, Dilma Rousseff, afastada do poder por um processo de impeachment que ainda terá seu capítulo final neste mês. Enquanto isso, ele e seu Governo arrastam uma aprovação de 14%.

As poucas palavras do presidente interino puseram fim a semanas de grande especulação no Brasil sobre como e quando Temer enfrentaria uma arena como o Maracanã. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a organização planejava subir o volume da música ou lançar mão de algum efeito sonoro para abafar o som das vaias. À tarde,  o Rio de Janeiro já havia registrado protestos contra o Governo. Chegada a noite, as redes sociais debatiam se Temer se atreveria a falar. Que ele passasse a cerimônia não na primeira fila, mas num assento algo apartado e por trás do presidente do COI, Thomas Bach, dificilmente ao alcance das câmeras, não ajudou a acalmar os rumores. Também não  ajudou que ele resolvesse pular uma parte do roteiro previsto no guia da cerimônia distribuído aos jornalistas para aparecer só ao final de tudo.

A festa não teria como ser cômoda para Temer. Dilma Rousseff declinou o convite - e se manifestou amargamente no Twitter nesta sexta. O mentor dela, o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também não foi, assim como outros ex-mandatários. Temer estrelou uma das cerimônias com menos chefes de Estado da história recente: só 45 presidentes ou chefes de Estado dos aíses participantes dos Jogos foram (menos da metade de Londres 2012). Também não foram vários mandatários sul-americanos, aliados históricos do Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff, por medo a legitimar com sua presença o Governo interino. Se a estratégia de redução de danos diminuiu a duração da vaia, o ecos da rejeição se fizeram sentir em outros campos. Nos bastidores, uma das estrelas da festa, Caetano Veloso, se fez ver nas redes sociais com um cartaz "Fora, Temer".

Fonte: El País

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Alceu, Elba e Geraldo Azevedo confirmam turnê do Grande Encontro em Pernambuco

Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, que se uniram homenagear os 20 anos de O Grande Encontro, vão trazer o show para o Recife. A apresentação será no dia 2 de dezembro, no Classic Hall, em Olinda. Outras duas datas estão agendadas no Rio de Janeiro, sem a presença de Zé Ramalho, nos dias 17 e 18 de setembro, no Metropolitan.

No palco, os artistas prometem reverenciar o projeto de sucesso que vendeu mais de 2 milhões de cópias. O Grande Encontro foi gravado durante um show acústico no estádio do Canecão, no Rio de Janeiro. No repertório estão canções de sucesso como Táxi lunar, Coração Bobo, Sabiá, Talismã e Pelas ruas que andei.

Entre os fãs, a ideia da homenagem foi bem recebida. Muito internautas solicitaram a apresentação em outras cidades como Recife, Belém do Pará e São Paulo. Os ingressos no Rio de Janeiro custam a partir de R$ 60 (mesa lateral) e podem chegar a R$ 260 (camarote, com direito a meia entrada), estando disponíveis no site da Tickets4Fun. Localizada na Barra de Tijuca, a casa de shows tem capacidade de aproximadamente 3.120 lugares.

Nas redes sociais, os cantores Alceu Valença e Elba Ramalho já deram uma prévia do que será o reencontro. Eles transmitiram uma conversa na qual discutem o repertório e tocam e cantam algumas músicas ao vivo no Facebook.

Fonte: Diário de Pernambuco

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Conheça o protótipo do novo iPhone 7 Plus

Um dos canais de tecnologia mais populares do YouTube, o Unbox Therapy, que conta hoje com mais de 5 milhões de inscritos, divulgou nesta quarta-feira um vídeo com as novidades do próximo celular da Apple. No vídeo, Lewis Hilsenteger mostra em detalhes as principais alterações de hardware e de aparência do iPhone 7 Plus.

No vídeo, Hilsenteger afirma ter recebido o protótipo da empresa chinesa desenvolvedora do aparelho em primeira mão.

O modelo, cujo lançamento está previsto para setembro, quando a companhia americana costuma apresentar seus produtos, deve vir com uma tela 5,5 polegadas maior do que o modelo atual, com uma câmera de lente dupla e sem entrada para fone de ouvido, tudo isso em um aparelho 0,04 milímetros mais fino que o atual, que tem 7,18 milímetros.

Assista ao vídeo com as possíveis novidades do novo aparelho:



Fonte: Veja

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Rio 2016: Jogos não traduz realidade brasileira, marcada pela crise política e desrespeito ao meio ambiente, diz imprensa alemã

A imprensa alemã destaca a empolgação do público e a simplicidade da cerimônia oficial de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que inundou o estádio do Maracanã em cores nesta sexta-feira (05/08).

A festa deu uma trégua ao pessimismo diante das falhas na preparação da Olimpíada e a crise política, mas expôs cinismo: o Brasil retratado no evento fica num plano idealista, em meio a crimes ambientais, o processo de impeachment e a violência.

Der Spiegel: Empolgação – e zombaria
Um evento "colorido, alegre e perfeito", que não mostra a realidade do país que recebe os Jogos. A revista alemã classifica o principal tema do evento de abertura – a sustentabilidade – como "zombaria", citando a poluição das águas do Rio de Janeiro, a inauguração de um campo de golpe numa reserva ambiental na Barra da Tijuca e o sacrifício de uma onça depois do desfile da Tocha Oímpica em Manaus.

O entusiasmo do público era evidente mesmo depois de quatro horas de cerimônia, diz a publicação, mas se converteu em vaias quando o "extremamente impopular e controverso" presidente interino, Michel Temer, anunciou a icônica frase de abertura dos Jogos.

Die Welt: Recepção calorosa, apesar do 7 a 1
A entrada da equipe olímpica brasileira fez o público esquecer a tensão e pessimismo na véspera do início dos Jogos. Teve "dança, canto e confete", mesmo em meio à crise política, e uma recepção calorosa para a equipe olímpica alemã, "apesar do 7 a 1", destaca o jornal. Uma cerimônia colorida, que por sua simplicidade em relação a outras aberturas de Olimpíadas, encantou os espectadores. O desfile da modelo Gisele Bündchen, vestida de prata, foi um dos pontos altos do evento.

Süddeutsche Zeitung: Gisele e o homem ao piano
O orçamento reduzido para a cerimônia de abertura exigiu improviso. "Apesar de todas as restrições, foi uma festa magnífica", escreve o jornal. A melodia suave de Paulinho da Viola ao cantar o hino nacional e milhares de luzes de celular na arquibancada impressionaram o público. Os trajes típicos usados por atletas olímpicos de diferentes países chamaram a atenção. A entrada da Rússia, após o escândalo de doping, foi acompanhada de aplausos e vaias. A noite, marcada por festa e dança, foi coroada pelo desfile de Gisele Bündchen ao som de Garota de Ipanema ao piano.

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Olimpíadas começam como um sonho
A abertura repleta de bom humor, música e dança fez o Rio de Janeiro esquecer dos problemas para a preparação dos Jogos. A bossa nova, o samba e as vozes das favelas deram alívio à dor e ao sofrimento. Gisele Bündchen cruzou a maior passarela da sua carreira, diz a publicação.

Fonte: DW

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Proposta de reforma trabalhista de Temer prevê fim de férias e 13º salário

A proposta de reforma trabalhista que está sendo desenhada pelo Palácio do Planalto prevê a flexibilização de direitos assegurados aos trabalhadores no artigo 7º da Constituição Federal - que abrange um conjunto de 34 itens - desde que mediante negociações coletivas. Segundo um interlocutor, a ideia é listar tudo o que pode ser negociado para evitar que os acordos que vierem a ser firmados por sindicatos e empresas após a mudança nas regras possam ser derrubados pelos juízes do trabalho.

Farão parte dessa lista os direitos que a própria Constituição já permite flexibilizar em acordos coletivos como jornada de trabalho (oito horas diárias e 44 semanais), jornada de seis horas para trabalho ininterrupto, banco de horas, redução de salário, participação nos lucros e resultados e aqueles que a Carta Magna trata apenas de forma geral e foram regulamentados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Estão neste grupo, férias, 13º salário, adicional noturno e de insalubridade, salário mínimo, licença-paternidade, auxílio-creche, descanso semanal remunerado e FGTS.

Já a remuneração da hora extra, de 50% acima da hora normal, por exemplo, não poderá ser reduzida porque o percentual está fixado na Constituição; licença-maternidade de 120 dias e o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo de no mínimo 30 dias também. Para mexer nesses direitos, é preciso aprovar uma Proposta de Emenda à Constitucional (PEC) - o que seria uma batalha campal no Congresso. Outros direitos como seguro-desemprego e salário-família, citados no artigo 7º, são considerados previdenciários e não trabalhistas e por isso, não poderiam entrar nas negociações.

Na prática, tudo o que estiver na CLT poderá ser alvo de negociação. Há muitos penduricalhos que não aparecem na Constituição e são motivos de reclamações contantes, como por exemplo, o descanso para almoço de uma hora (se o empregado quiser reduzir o tempo e sair mais cedo, a lei não permite). Outros casos que poderiam ser acordados dizem respeito à situações em que o funcionário fica à disposição dos patrão, fora do expediente sem ser acionado e o tempo gasto em deslocamentos quando a empresa busca os trabalhadores - considerados hoje como hora extra.

Sindicatos querem mais poder de negociação
A estratégia do governo é colocar na lei tudo o que pode ser negociado e deixar de fora o que não pode para evitar que a justiça trabalhista amplie a relação com novos direitos, inviabilizando assim qualquer acordo, explicou um técnico. Fortalecer a negociação coletiva é outro argumento do Executivo, diante de inúmeros casos em que o sindicatos e empresas fecham o acerto e depois os juízes do trabalho anulam, determinado o cumprimento da lei ao pé na letra e pagamento de indenizações.

- O projeto vai delimitar os parâmetros e limites da negociação coletiva, dando aos acordos força de lei. O foco é oferecer segurança jurídica na relação capital e trabalho - disse ao GLOBO o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que está discutindo o tema com as centrais sindicais.

Segundo ele, a questão já está bem encaminhada com consensos importantes: para fechar acordos é preciso aumentar o poder de negociação dos sindicatos, o que exige uma miniirreforma sindical, junto com a flexibilização da CLT. As centrais defendem que a proposta inclua a representação sindical no local de trabalho; o reconhecimento da autoridade do delegado sindical para fazer a mediação de conflitos e a livre sindicalização dos funcionários. Outro pleito é que somente entidades com representatividade (determinado percentual de associados) possam fechar acordos - que terão ser validados por assembleias de trabalhadores.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (o Juruna), disse que as centrais não vão se colocar contra à reforma, desde que a proposta seja pautada pelo fortalecimento da negociação coletiva. Ele destacou que em outros países não existe uma CLT como no Brasil, apenas uma legislação básica. Mas, isso não impede uma boa relação entre capital e trabalho, explicou, porque os acordos coletivos realmente funcionam.

- Aqui, tanto empresas quanto sindicatos terão que rever suas posições. As empresas vêem os sindicatos como inimigos e os sindicatos, por sua vez, terão que sair da inércia, ser mais atuantes para fechar os acordos - disse Juruna, citando como um bom exemplo a negociação do reajuste salarial dos bancários realizada em âmbito nacional, juntando funcionários de bancos públicos e privados.

Para o secretário-nacional da CUT, Sérgio Nobre, somente há negociação quando as forças são equilibradas. Ele reafirmou que a entidade vai negociar a reforma trabalhista com o governo depois do desfecho do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Contrariando a posição da entidade até então, Nobre disse que a CUT "não nasceu para defender governo", mas os trabalhadores brasileiros.

- Se o empresário pode tudo, ele não vai negociar. Para quê? É preciso criar condições para que os acordos aconteçam - disse Nobre, acrescentando: - Se a negociação coletiva existir de fato, o Estado não precisa intervir na relação entre trabalhadores e empresas.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT), realiza na próxima semana uma reunião de âmbito nacional sobre o tema e a tendência da entidade é apoiar a reforma trabalhista. As maiores centrais já estão costurando um posicionamento conjunto para ser apresentado ao governo.

- Nós apoiamos, desde que a reforma venha amarrada com a valorização do acordo coletivo para evitar a precarização dos direitos dos trabalhadores - disse o presidente da Central, Ricardo Patah.

Objetivo da CLT é 'tutelar o mais fraco’
Para o professor da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade (FEA/USP), José Pastore, o pleito das centrais é legitimo e deveria ser incluído na Constituição para evitar que os acordos realizados sejam anulados pela Justiça. Ele, no entanto, vê polêmica na representação sindical no local de trabalho porque muitas empresas são contrárias. Na visão do consultor da comissão de orçamento da Câmara dos Deputados, Leonardo Rolim, as medidas sugeridas podem ajudar na aprovação na reforma, no sentido de evitar que sindicatos de fachada façam acordos prejudiciais aos trabalhadores.

- Acho que faltou isso na proposta de reforma de flexibilização da CLT enviada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que foi engavetada no Senado) - disse Rolim, que fazia parte do governo à época.

O tema divide o atual governo. Há quem defenda que a reforma valha apenas para os trabalhadores que ganham salários mais altos (acima de três salários mínimos). Outros, apenas uma modernização da CLT, sem mexer com direitos, como férias e 13° salário, por exemplo. No Planalto, a visão é mais radical na linha de que o acordado possa prevalecer sobre o legislado.

O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, disse que, ao contrário do que se fala, a CLT vem sendo atualizada ao longo dos últimos anos, apesar de ter sido criada na década de 40. Segundo ele, assim como ocorre com a maioria dos países, a legislação trabalhista brasileira tem por objetivo "tutelar o mais fraco".

- A negociação sobre o legislativo é algo perigoso. Quando vemos, na imprensa, um movimento para reduzir o horário de almoço para quinze minutos, alegando que é mais do que suficiente... Ora, biologicamente, quando a pessoa acaba de comer, vem o sono. Há a indução ao sono, que é própria do processo digestivo. Imagine se esse trabalhador que acabou de comer vai operar um guindaste. Ele come rápido, volta, sobe numa máquina e opera um guindaste de 40 toneladas - afirmou. - As empresas querem produção. Para produzir, ela tem duas opções, ou contrata mais ou exige mais dos trabalhadores.

Fleury defendeu a reforma do atual sistema sindical. Uma de suas propostas é permitir que os trabalhadores brasileiros possam escolher os sindicatos que melhor os representem.

- É preciso acabar com a reserva de mercado. Por que, por exemplo, o jornalista só pode ter um sindicato? - perguntou.

Fonte: O Globo

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Jovem é internada com trombose devido ao uso de anticoncepcional

Após sentir fortes dores de cabeça, perder temporariamente o movimento de uma das mãos e pernas e esquecer como realizar ações básicas do cotidiano, a universitária Juliana Bardella, de 22 anos, foi internada em um hospital de São Paulo onde permaneceu por 15 dias – três deles na UTI. O diagnóstico? Trombose venosa cerebral devido ao uso prolongado de pílula anticoncepcional.

Embora o risco do problema devido ao uso de contraceptivos orais, em especial os que contém o hormônio drospirenona, seja conhecido, as pacientes ainda são pouco alertadas. Segundo Juliana, ela tomou o anticoncepcional Yaz, da Bayer, durante cinco anos. Nesse período, ela foi a três ginecologistas diferentes que nunca mencionaram o aumento do risco de trombose devido ao uso do medicamento.

Segundo Eduardo Zlotinik, ginecologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo, todo método hormonal tem impacto na coagulação sanguínea, aumentando o risco de trombose. Mas, um estudo britânico publicado no ano passado no periódico científico The BMJ mostrou que as pílulas modernas – surgidas a partir da década de 1990 -, principalmente aquelas que têm composição com drospirenona (como o Yaz), o desogestrel, o gestodeno e a ciproterona, aumentam em até quatro vezes a formação de coágulo sanguíneo grave.

Os hormônios da pílula interferem no sistema circulatório da mulher de diversas formas. O composto aumenta a dilatação dos vasos, a viscosidade do sangue e, consequentemente, a coagulação. Com essas alterações, é possível que sejam formados coágulos nas veias profundas, localizadas no interior dos músculos. Em geral, os coágulos se formam nas pernas, mas podem se alojar nos pulmões, formando um bloqueio potencialmente fatal, ou ainda se mover para o cérebro, provocando um acidente vascular cerebral (AVC).

Médicos e especialistas ressaltam que nem todas as pacientes estão em risco. Mulheres que sofrem de enxaqueca, fumam e têm histórico de trombose na família, possuem um risco 20 vezes maior de ter um acidente vascular cerebral. Ou seja, no caso delas, nada de pílula moderna.

No entanto, mesmo em mulheres sem fatores de risco, como Juliana, a trombose pode acontecer. Segundo a jovem, ela não tem histórico familiar, não fuma, não tinha predisposição para trombose e seus exames de sangue sempre estavam normais. E mesmo assim, teve o problema. Por isso, é preciso estar alerta aos primeiros sintomas.

Dor de cabeça persistente
Segundo um relato de Juliana publicado no Facebook na quarta-feira, tudo começou com uma pequena dor de cabeça, que se agravou por três semanas até ficar insuportável. Em seguida, ela acordou sem conseguir mexer uma perna nem uma das mãos. A jovem, que mora em Botucatu, onde cursa medicina veterinária na Unesp conta que, quando a dor de cabeça atingiu um nível insuportável, ela foi a um hospital da cidade. Entretanto, a médica que a atendeu apenas deu o diagnóstico de enxaqueca e receitou alguns analgésicos.

Dois dias depois, a jovem acordou para ir a aula e notou que sua perna e mão direta não respondiam aos comandos e que ela já não se lembrava como realizar tarefas cotidianas como usar o banheiro, comer e mexer no celular. Com a ajuda das amigas, Juliana conseguiu contatar seus pais – que moram em outra cidade. Eles então levaram imediatamente para um hospital da capital paulista – distante cerca de 230 km de Botucatu. Uma ressonância revelou a trombose venosa cerebral, uma doença que pode deixar sequelas graves em cerca de 15% dos casos e levar à morte 6% a 15% dos pacientes.

Como a jovem não têm predisposição para o problema e seus exames de sangue estavam normais, os médicos concluíram que a trombose ocorreu devido ao uso prolongado do anticoncepcional. Hoje, um mês e meio após a internação, Juliana ainda tem pequenas alterações na visão, terá que tomar anticoagulantes por um tempo e abandonar os anticoncepcionais orais.

A jovem contou também que depois de passar pelo problema, se deparou com diversas outras histórias semelhantes e, embora não seja contra o anticoncepcional, reforça a importância das mulheres que tomam manterem-se informadas sobre os riscos.

Efeito colateral comprovado
Em nota ao G1, o laboratório Bayer, fabricante do Yaz, informou que a empresa segue a decisão da Comissão Europeia, que concluiu que “os benefícios dos contraceptivos hormonais combinados na prevenção da gravidez não planejada continuam a superar os riscos e que a possibilidade de tromboembolismo venoso (TEV), associada ao uso de contraceptivos hormonais combinados, é pequena”.

Embora especialistas destaquem que o índice absoluto de casos de trombose associado ao uso de contraceptivos orais é baixo, a trombose é um efeito colateral comprovado. Por isso, a escolha do método contraceptivo deve ser individualizada e decidida pela paciente em conjunto com um ginecologista.

Os métodos contraceptivos hormonais ainda são os mais utilizados no Brasil e podem ser encontrados em diferentes apresentações: oral, injetável, adesivo e implante – que agem impedindo a ovulação – ou o dispositivo intrauterino (DIU), com ação hormonal local. Estima-se que 25% das brasileiras utilizem anticoncepcionais por via oral, enquanto 30% das mulheres em idade reprodutiva optam pela laqueadura.

Fonte: Veja.com

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77,7% dos municípios do Ceará são atendidos por carro-pipa

Com 143 municípios na relação da Operação Carro-Pipa, empreendida pelo Exército Brasileiro, o Ceará tem 77,7% das zonas rurais das cidades com abastecimento hídrico dependendo da chegada desses veículos. Ao todo, 1.665 caminhões são utilizados para distribuir água potável a 970 mil cearenses das áreas afetadas pela seca. A média de investimento mensal é de R$ 21,5 milhões.

A operação é desenvolvida por meio de cooperação técnica e financeira entre dois ministérios: Integração Nacional e Defesa. A execução do programa - incluindo contratação, seleção, fiscalização e pagamento dos pipeiros - é de responsabilidade do Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro (Coter). As áreas urbanas são atendidas pelos carros coordenados pela Defesa Civil Estadual. O carro-pipa do Exército atende municípios grandes, como Crato, Sobral, Iguatu e Quixadá, além dos localizados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como Caucaia, Cascavel, Chorozinho e Pacajus.

"A relação dos beneficiados sempre varia e depende do Ministério. Ela pode aumentar ou reduzir muito pelos investimentos realizados pelo governo estadual e federal", avalia o coordenador da Operação Carro-Pipa no Ceará, coronel Claudemir Rangel, da 10ª Região Militar.

Nessa semana, o governo federal anunciou repasse da ordem de 789,9 milhões para ações emergenciais. O Ministério da Defesa, por meio do Exército Brasileiro, também receberá aporte financeiro para perfurar e instalar poços profundos em áreas de cristalino e sedimentar.

O objetivo é ampliar e melhorar as ações da Operação Carro-Pipa, operacionalizada pelo Exército, ao reduzir a distância entre a coleta de água e o abastecimento de comunidades afetadas pela seca. "E isso virá nos ajudar a ampliar a perfuração e instalação de poços. Nessa primeira fase, estão em execução 195. Até o fim do ano, serão mais 255, perfazendo um total de 450. A ação cria novo ponto de captação e melhor, com água de boa qualidade. O 1º Grupamento de Engenharia, com sede em João Pessoa (Paraíba) é responsável pelas obras", afirma.

O tempo é um segundo motivo, apontado por ele, para esse trabalho. "Em fonte distante 30Km, por exemplo, o pipeiro conseguia fazer três viagens para as localidades mais próximas e em nascente de 100Km, ele só faz uma viagem. Com isso, temos que contratar mais gente para fazer o percurso, encarecendo a operação", comenta.

A proposta do Comando Militar do Nordeste é substituir alguns pontos de abastecimento ou cisternas, onde a água é transportada por meio de carros-pipas por poços artesianos. A iniciativa possibilitará uma oferta maior de água boa para as populações rurais atingidas pela estiagem e seca há cinco anos.

Quadro
O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e PhD em mudanças atmosféricas, Alexandre Costa, avalia que, numa situação "dramática", como a que se enfrenta hoje, tudo vale para levar água para as comunidades mais afetadas, como a construção de adutoras de engate rápido, perfuração de poços e o carro-pipa. Entretanto, aponta, a qualidade desse recurso é questionável, mesmo com tudo que tem sido feito. "Sei da escavação de poços, mas a água ofertada de locais desconhecidos, pode gerar consequências mais graves, como doenças que podem deixar sequelas para sempre, principalmente em crianças e nos idosos, sem falar no desenvolvimento cognitivo", frisa.

Na sua percepção, o carro-pipa é uma realidade histórica e deve persistir por muito tempo. "Mas é preciso buscar outras fontes confiáveis e garantir que, em momentos como esse, a gente fique buscando soluções paliativas e sem prosseguimento", diz.

A solicitação de atendimento pela Operação Carro-pipa é feita diretamente à Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração. A demanda é encaminhada ao Exército, que faz uma avaliação técnica em conjunto com a prefeitura. Constatada a necessidade, o município é incluído na operação e passa a receber água por meio dos carros-pipa contratados pelo governo federal.

No Nordeste, são beneficiadas cerca de 3,9 milhões de pessoas. Para executar a logística, são contratados 6.891 pipeiros que atuam em 79 mil pontos de abastecimento e cisternas coletivas, na proporção de 20 litros de água por pessoa, por dia, apenas para consumo humano.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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Rio 2016: Temer é vaiado e 'não é lembrado' na abertura dos Jogos Olímpicos

O presidente interino, Michel Temer, foi vaiado por boa parte dos torcedores nas arquibancadas do Maracanã ao declarar abertos os Jogos Olímpicos do Rio. Houve uma tentativa tímida de abafar os gritos e fogos logo em seguida. Ficou claro que Temer tinha razão ao pedir para evitar que seu nome fosse citado na cerimônia.

O momento da vaia foi quando o presidente apareceu pela primeira vez no telão sozinho. Ele ainda pôde declarar os Jogos abertos antes de sofrer os apupos. Isso já vinha se ensaiando desde o início da cerimônia.

Antes disso, o Rio-2016 quebrou o protocolo e não anunciou o nome de Temer juntamente com outras autoridades como o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach. A divulgação de seu nome estava previsto no protocolo da cerimônia.

O político seria anunciado como "presidente em exercício" ou interino. Segundo informações da TV Globo, ele pediu para não ter seu nome anunciado.

Antes da festa, houve uma manifestação de protesto ao presidente interino. Um pequeno grupo começou a gritar "Fora Temer" e outro respondeu com uma vaia. Mas era uma parte minoritária do estádio.

Após os desfiles das delegações, o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, fez um discurso sobre o fato histórico que é o Brasil receber os primeiros Jogos da América do Sul. Em determinado momento, ele agradeceu os governos que tornaram possível a Olimpíada.

"Estou orgulhoso da transformação (do Rio). Só pudemos realizar com apoio da população e com apoio dos governos federal, estadual e prefeitura", declarou o cartola. Neste momento, houve uma vaia de determinados setores do estádio. Era para os governantes, mas não ficou claro para quem.


Em nenhum momento, Nuzman ou o presidente do COI, Thomas Bach, citaram o presidente interino Temer. Só mencionaram autoridades brasileiras. O dirigente, ao agradecer o Rio pelos Jogos, ressaltou as dificuldade recentes enfrentadas pelo país.

"Vocês transformaram o Rio em uma metrópole moderna. Nossa admiração por vocês porque conseguiram isso em um momento difícil no Brasil. Nós, honestamente, acreditamos em vocês", discursou Bach. Ele já tinha feito anteriormente em discursos menções à "crise sem precedentes" no Brasil.

Fonte: UOL

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Juazeiro do Norte (CE): Cores vivas e muitos santos destacam as casas do Horto

Na residência de Rosalva Conceição Lima, a Dona
Rosinha, são incontáveis os santos e imagens que contrastam
 com as paredes de rosa vivo (Foto: André Costa) 
O íngreme caminho até a chegada à Colina do Horto, neste município, distante 530Km de Fortaleza, reserva um cenário peculiar. A ladeira do Horto, como a rua é conhecida, é ladeada por casas de cores vibrantes e paredes internas revestidas de imagens de santos, fitas, terços e retratos - alguns do século passado - e, claro, esculturas dos mais diversos tamanhos do Padre Cícero, patriarca juazeirense.

O sacerdote é, inclusive, "o grande responsável por encontrarmos tantas casas que mais parecem santuários, sobretudo nas proximidades do Horto ou das igrejas e capelas da cidade, locais amplamente visitados pelos romeiros. As pessoas se inspiram em padre Cícero e transformam suas residências como forma de potencializar a religiosidade e fé", conforme o mestre em História João Paulo Fernandes.

Símbolo
Entre as dezenas de casas da Rua do Horto, algumas possuem maior destaque. Ao lado de uma das estações da Via Sacra, uma residência cor-de-rosa chama atenção de quem passa. As janelas frontais quase sempre abertas e revelam uma sala singular. Na Casa de Rosalva Conceição Lima, conhecida pelo sugestivo apelido de Dona Rosinha, são incontáveis santos e imagens. "Perdi as contas. Minha idade eu até sei, mas o número de santos, imagens, terços e retratos, já não sei. Certamente mais de cem", brinca a lúcida e simpática missionária de 95 anos.

Dona Rosinha do Horto, chegou à Juazeiro aos seis anos de idade. Segundo lembra com riqueza de detalhes, seu pai, João Nicolau da Silva, trouxe a esposa e os três filhos da cidade de Palmeiras dos Índios, em Alagoas, no ano de 1927. "Papai era muito religioso e pediu ao padre Cícero para vir morar em Juazeiro e ele nos atendeu. Viemos a pé. Foi uma longa viagem", ilustra Rosinha, ao acrescentar que passavam os dias rezando e cantando, seguindo as marcas que outros romeiros tinham deixado, indicando o caminho a seguir.

Fortalecimento da fé
Com a chegada à Capital da Fé, como Juazeiro é conhecida, a religião cresceu na vida daquela família alagoana. A senhora de estatura pequenina, com aparência saudável e de uma vitalidade impressionante, incomum para a idade que ela tem, recorda que a primeira imagem foi dada por um padre, durante uma romaria. Passados 86 anos, o presente permanece intacto no centro da sala, ao lado de outras tantas imagens. "Este foi o primeiro", ergue o dedo apontando o Sagrado Coração de Jesus. "Hoje tem uma centena, para onde olhar, vai encontrar um santo. Me sinto bem, como se minha fé fosse renovada a cada dia", acrescenta.

Há 89 anos morando em Juazeiro, dos quais os últimos 66 têm sido na mesma casa, na ladeira do Horto, Rosinha tornou-se um ícone da cultura popular. Sua casa peculiar atrai visitantes de vários Estados e de outros países, conforme recorda. "Já recebi visita de gente famosa, o Pedro Bial, por exemplo, bispos, gente de todo canto do País e até do estrangeiro", conta orgulhosa. Para ela, a casa repleta de santos e imagens foi um dos legados deixado pelo Padim Ciço.

"Ele (Padre Cícero) morreu, mas permanece vivo na memória, assim como Deus. É uma forma que eu e tantas famílias encontraram para manter a fé sempre viva", disse. O pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores - Basílica Santuário, padre Cícero José da Silva, ressalta, porém, que "as imagens não são adoradas, como muitos pensam e dizem, elas são recordações, portanto, transmitem paz e fé".

Tradições
Nesses "santuários residenciais", entre as muitas imagens, nunca faltam a do Padre Cícero e a do Sagrado Coração de Jesus, a quem todos os dias Maria das Dores Bernardino Santos reza um mistério. Dona Dorinha, como a zeladora de 62 anos é conhecida por todos, é uma outra personagem bastante popular no bairro Horto.

Ela conta que a imagem do Sagrado Coração de Jesus possui lugar de destaque nas casas dos católicos e é sempre acompanhada de uma luz. Esta tradição vem da época do Padre Cícero, quando um homem que estava passando necessidade perguntou ao religioso o que poderia fazer para sobreviver e o padre Cícero lhe aconselhou que fabricasse candeeiros. Daí iniciou a festa das Candeias, cuja marca são as inúmeras velas e candeeiros acesos nas procissões.

Daquela época em diante, em todas as casas de Juazeiro com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, está acesso um candeeiro alimentado com óleo, que não se deixa apagar, semelhante acontece com a luz do Santíssimo nos templos católicos. Essa é uma das várias tradições que as famílias católicas seguem. "Desde nova eu aprendi isso e hoje repasso para meus quatro filhos. São tradições, que foram ensinadas por Padre Cícero e que nós, devotos, seguimos e passamos de geração em geração", diz.

O pároco da Basílica Santuário lembra que todas essas tradições, que ainda hoje são mantidas vivas devem-se, muito, ao fato de "Juazeiro do Norte ter sido estruturada pelo trabalho pastoral missionário do padre Cícero Romão Batista". Conforme conta, o Padim "sempre ensinou ao povo católico a colocar Deus no centro de tudo, daí surgiram diversas tradições bastante peculiares em nossa região".

Cores
As cores vibrantes e as paredes revestidas de fé, por meio das imagens religiosas, também são, segundo o pároco, "uma tradição secular, nascida do povo a partir dos ensinamentos do padre Cícero Romão". O padre Cícero José lembra uma frase do patriarca juazeirense para justificar as cores alegres nas casas de muitos católicos: "Padre Cícero dizia que 'Quem tem Deus no coroação tem um rosto alegre', portanto, todas as expressões vistas em Juazeiro, não só no bairro do Horto, traduzem essa frase".

"Somos felizes. Minha casa transmite felicidade. Romeiro é um povo alegre", confirma Dona Rosinha, ao ser questionada sobre as cores vibrantes e as flores espalhadas pela casa, trocadas imediatamente quando murcham. A cor, no entanto, não tem a ver com a religião, mas com o amor. "Meu falecido marido gostava, então resolvi manter, mesmo depois de sua morte, como forma de deixá-lo presente", lembra com saudosismo.

Viúva há 19 anos, Rosinha teve cinco filhos, os quais também já faleceram. Entretanto, ela rejeita o título de solitária: "Nunca estou sozinha. Minha casa é sempre repleta de visitantes e vizinhos atenciosos. E mesmo quando eles não estão, eu vivo na presença de Deus, do padre Cícero e das minhas várias imagens que transmitem força e paz".

Opinião do Especialista

Tradições cultivadas ao longo dos anos

João Paulo Fernandes

Mestre em História Social / Esp. Em Sociologia

O cenário que se observa no entorno do que hoje chamamos de Colina do Horto (antes Serra do Catolé), remonta a um contexto anterior, marcado por controvérsias envolvendo, sobretudo, a figura do Padre Cícero Romão Batista. Nesse emaranhado, não é segredo afirmar que a cidade de Juazeiro do Norte está intimamente ligada a um forte misticismo religioso.

A partir do que convencionalmente passou a ser conhecido como o famoso "milagre da hóstia" e os conflitos que envolveram a Igreja, houve um impulso e fortalecimento da fé de milhares de romeiros que se dirigiam de diversos Estados do Nordeste ao pequeno lugarejo, transformando aquele povoado em um palco de diversas manifestações religiosas, motivadas por rituais, narrativas e diversas crenças em torno da figura controvérsia e emblemática do "santo padre".

Nas representações de fé dos romeiros que fizeram do entorno da colina local de morada, mitos, epopeias e analogias bíblicas se confundiam com a própria história do local. Nessa nova configuração espacial, o Padre Cícero era o enviado de Deus à "Terra Santa", e a voz que "clamava no deserto" para endireitar os caminhos dos pecadores, assim, Juazeiro seria a "Nova Jerusalém" e para se chegar ao local santo, era necessário enfrentar a via-crúcis, o suplício do Calvário até chegar ao Monte Sagrado.

Nesse sentido, tais experiências moldaram as relações sociais dos que ali passavam e dos que se fixaram e que, com o passar dos anos, foram adquirindo novos significados, que se ampliam na medida em que experiências culturais vão sendo transmitidas de geração para geração.

Podemos citar a Renovação, que não é exclusiva à região e tampouco uma prática restrita ao catolicismo popular, mas que, no Cariri, foram incentivadas pelo Padre Cícero, com a Consagração das Famílias ao Sagrado Coração de Jesus, que é uma das tantas demonstrações da fé e religiosidade.

Dessa forma, na sala de entrada das residências, conhecida popularmente como a "sala do santo", um altar é montado com as imagens dos Corações de Jesus e de Maria e, uma vez por ano, cada casal convida amigos, parentes e familiares, que participam das leituras e dos cânticos, para renovarem a sua fé.

Tal prática, mesmo ameaçada, se perpetua e mantêm-se marcante em algumas regiões caririenses, promovendo a sociabilidade e fortalecendo as tradições regionais. Os santos, as comidas, as cores fortes, os laços afetivos e religiosos, são marcadas e permeadas por tradições e situações nas quais a fé, a comida, os espaços de sociabilidade e o lazer entrecruzam-se nos lares, são características que estão presentes no dia a dia dessas pessoas, essa panaceia de ritos torna-se sacramental para a cultura do Cariri.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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