Quantas pessoas, na correria do dia-a-dia ou sob a luz branca dos escritórios, já divagaram sobre largar a vida que conhecem para viajar pelo mundo? Por certo, milhares. Milhões, quiçá. Mas, o que distancia os cidadãos normais – aqueles que pagam impostos, almoçam em self services e brincam com seus cachorros – desse sonho?
Para o publicitário e administrador Bruno Saraiva (34), nada. “Se você sonha em viajar num momento distante, quando tiver dinheiro sobrando, mas hoje está pensando em comprar um carro, reveja suas prioridades. Dinheiro não é, nem de longe, um problema pra concretizar esse sonho”, enfatiza.
Foi abrindo mão de carros (e aqui entenda todo o tipo de gasto grandioso que nós, consumidores esquizofrênicos, costumamos fazer sem pensar) e de um ano de trabalho que Bruno concretizou o que, para muitos, continuará sendo apenas uma proteção de tela no computador. A proposta inicial, apesar de relutar em fazer um roteiro específico, já tem 47 pontos do Mapa Mundi marcados. Com passagem só de ida comprada.
“Eu sou daquelas pessoas que sempre sonhou em viver viajando. E, acredite, tenho os mesmos medos dessas pessoas. Costumava me perguntar: ‘será que vou arruinar minha carreira?’, ‘será que preciso ser rico pra realizar esse sonho um dia?’, ‘será que o mundo é mesmo mais perigoso que minha cidade?’, ‘será que preciso ser fluente em muitos idiomas pra poder fazer uma viagem de volta ao mundo?’. Mas a verdade é que, pra concretizar um sonho desses, basta querer. E agir. Além disso, ter uma lacuna de um ano no currículo não desqualifica ninguém e, na maioria das vezes, é até visto com bons olhos pelos departamentos de recursos humanos das empresas”, destaca.
O cearense percebeu que já estava velho o suficiente pra casar, ter filhos, ser o dito cidadão respeitável com uma SUV e uma varanda gourmet. “Percebi que eu tinha mais era que me mandar pra viver coisas diferentes e ter histórias pra contar pros netos, dos outros”, brinca.
Com todos os sonhos dentro de um mochilão, a realidade se apresentará em forma de viagem no próximo dia 22. E quanto a preparação para a grande empreitada, Bruno garante que foi tranquila. Uma pesquisa rápida para ter uma ideia de para onde está indo, uma limpada na mochila e nada mais. “Não planejo programar todo o roteiro, nada de passagens e passeios pré-estabelecidos. Penso que a graça é justamente descobrir e decidir durante o caminho”.
Dentre as cidades em vista, Índia, Nepal, Bangladesh e Laos garantem o status de singular ao roteiro. Além de conhecer culturas, costumes, músicas e comidas novos aos sentidos, os planos de Bruno tem pretensões transcendentais. “Vou passar por muitos países onde a espiritualidade é bem marcante, como Índia e Laos. Não me identifico muito com o jeito que as religiões são vivenciadas do lado de cá. Estou indo de mente e coração abertos pra ver como funciona do lado de lá”.
Com notebook e smartphone na mão – e quem não está hoje em dia? -, Bruno promete documentar cada passo do caminho, alimentando o bem-humorado blog da viagem intitulado “Mãe, tô bem”. “Desde 2012 que eu trabalho viajando muito pelo interior do Ceará e estados vizinhos e eu nunca fui muito bom nisso de dar sinal de vida pra minha mãe, a bichinha. Inclusive foi só isso que ela reclamou quando eu contei da viagem. Então resolvi fazer um blog pra narrar tudo que eu viver nessa jornada e coloquei esse nome pra homenagear e tranquilizar minha mãe”.
Depois dessa, o que você ainda está fazendo ai em frente ao computador? Vai logo! Essa é a mensagem que Bruno deixa à cidade natal. “Não espera a oportunidade ideal, porque ela nunca vai chegar. Na verdade o momento ideal é a hora que você para e pensa que é isso que você realmente quer. Quando você faz uma coisa de coração, as coisas conspiram a favor. É sério, vai dar certo! Uns meses atrás eu tinha só a vontade de ir. Hoje eu tenho a vontade e uma passagem só de ida na mão!”.
Bruno listou as poucas certezas que tem em seu roteiro sem roteiro:
1. Ver as pirâmides do Egito;
2. Passar pelo menos um mês na Índia e tem que ser entre dezembro e janeiro, depois eu conto o motivo;
3. Tailândia e China tem que ser durante o primeiro semestre de 2016 pra fugir das monções que ficam piores no segundo semestre;
4. Nada de Japão ou EUA, porque o visto é complicado e o custo é alto;
5. Oceania, só se der certo uns trabalhos, porque o custo também é alto;
6. Não irá atravessar o Pacífico;
7. Da China deve voltar de algum jeito. Pode ser por Mongólia, Cazaquistão e Russia, ou pode ser pela Índia de novo passar mais um mês;
8. Depois da volta pela Ásia, dependendo do juízo e do bolso, descer para a África ou subir para Europa;
9. Ir ao México e descer até o Uruguai, completando América Central e do Sul.
Fonte: Tribuna do Ceará
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